É comum no cenário político observar promessas de campanha em grande escala feitas para conquistar eleitores. Antes de ter plena consciência da viabilidade de projetos, propostas são apresentadas com uma maquiagem atraente, recheada de estratégias de marketing. Atraídos por propagandas que prometem uma saúde melhor, uma alimentação de qualidade nas escolas e uma educação eficiente, muitos eleitores depositam suas fichas em candidatos que se apresentam como soluções. Os oposicionistas geralmente fortalecem os aspectos negativos do atual governo e pintam uma nova realidade muitas vezes digna de primeiro mundo.
As promessas são muitas vezes esquecidas e em muitos casos não se tornam realidade, com os eleitos depois apresentando suas justificativas, com os pés muito mais próximos do solo do que as “viagens” da época de campanha. Em geral, as campanhas do poder executivo é que atraem a maior atenção dos eleitores e, portanto, abrangem promessas mais específicas.
No plano legislativo, porém, também existem propostas específicas bem trabalhadas, como espécies de bandeiras. O poder de vereadores é bem limitado em relação ao de prefeitos, por não ser o Executivo. Além disso, o vereador não tem o poder de aprovar uma lei de forma isolada, dependendo da aprovação da Câmara. Porém, para cumprir o discurso de campanha, o vereador tem o dever de no mínimo manter o mesmo empenho do período eleitoral depois de eleito na condução de suas ideias e apresentar projetos no sentido de ao menos tentar tornar realidade suas bandeiras.
Em Mogi Mirim, um caso aparentemente adormecido ilustra a realidade. Na época de campanha, Leonardo Zaniboni divulgou de forma ampla e com destaque o intuito de reduzir o número de vereadores, por considerar o número atual de 17 excessivo. A redução propiciaria economia de gastos públicos.
Zaniboni foi eleito, mas não apresentou o projeto de redução de vereadores e nem fez o mesmo alarde sobre o tema da época de campanha. Após um período, deixou os eleitores que esperavam vê-lo como vereador na mão ao assumir uma Secretaria no governo. Agora, voltou à Câmara e tem uma nova oportunidade de defender sua tese e apresentar um projeto de redução do número de vereadores, agindo assim de forma legítima com seus eleitores. Do contrário, Zaniboni entrará para a lista de políticos que despejam no lixo as bandeiras depois de utilizá-las como arma de sedução para alcançar o posto almejado.