Mogi Mirim cava seu poço cada vez mais fundo. Longe de alcançar seu pleno desenvolvimento, como os demais municípios da região, a cidade sempre se viu amarrada a interesses, vontades e caprichos de uma expressiva parcela conservadora. Deixou de evoluir, crescer, expandir horizontes por conta de uma fatia da população, fechada e avessa às mudanças. Na última semana, mais uma prova foi dada de que Mogi continua muito pequena, em todos os sentidos.
Em coletiva à imprensa, a Prefeitura comunicou que o processo de integração das linhas do transporte público, que seria implantado na Praça Floriano Peixoto, o Jardim Velho, visando o bilhete único está, por ora, adiado. Isso porque um grupo de moradores da região central se colocou contra o projeto, apresentando como justificativas o aumento da poluição sonora e da quantidade de fumaça emitida pelos ônibus.
A ideia é fazer uma extensão do Jardim Velho na Rua Doutor Acrísio da Gama e Silva, onde mais ônibus fariam o desembarque. A via ainda passaria por adaptações na calçada. Recentemente, o Executivo até chegou a fazer pequenos serviços no local, mexendo na posição do semáforo e no ponto de táxi localizado em frente ao antigo Casarão Amarelo. Com o novo sistema, os passageiros poderão pegar outro ônibus pagando o valor de apenas uma viagem, tendo o prazo de uma hora para fazer essa integração.
A medida, que é contrapartida da Viação Fênix pelo reajuste da tarifa, seria benéfica para os usuários, principalmente para aqueles que precisam do transporte para se deslocar até o serviço ou, por exemplo, para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na zona Leste. Diante de todo esse contexto, é justo um projeto ser adiado, prejudicando milhares de usuários, trabalhadores que dependem dos ônibus para locomoção, por causa de uma minoria? No mínimo, a atitude desses moradores foi egocêntrica e insensível. Cadê a empatia? Ninguém se coloca mais no lugar do outro?
É direito, sim, de todo o cidadão se manifestar, se colocar contra ou a favor a algo, contudo onde ficam o bom senso e o espírito de coletividade? As pessoas são diferentes e, por isso, há essa divergência de pensamentos. Nesse caso, a Administração Municipal tem a difícil tarefa de encontrar um equilíbrio entre as partes, governando para todos. Mas há que se levar em conta que a maioria não pode ser afetada por um pequeno grupo, que tem argumentos bem razoáveis.
Afinal, esses moradores já convivem com o barulho dos ônibus. Querer plena tranquilidade em um centro urbano é utopia. O local ideal para isso é o campo. Aliás, fazendo uma análise mais ampla, praticamente tudo em Mogi vira motivo para o popularmente conhecido como “mimimi”. A cidade só tem a perder com essa postura e com pessoas que travam qualquer iniciativa de progresso.
