Quando você era criança, sonhava em ser o que profissionalmente? Muitas pessoas demonstram paixão por certas áreas desde pequenas e seguem seus sonhos, transformando brincadeiras da infância em profissões. A bibliotecária Ângela Soares Rocha, responsável pela Biblioteca Pública Municipal de Mogi Mirim, é uma das pessoas que percorreu o sonho e transformou sua paixão de criança em profissão. Em Mogi Mirim, Ângela é responsável pela biblioteca há 13 anos, mas sua paixão pela área vem desde a infância, quando entrou na biblioteca da escola por engano e teve seu primeiro contato com as estantes de livros.
Ângela relatou que, na infância, em certo dia, sua professora pediu para que levasse um diário de classe na sala dos professores. Só que ela errou a sala, e caiu dentro da biblioteca, o que gerou seu primeiro contato com “as estantes enormes de livros coloridos”, recordou ela. Depois desse dia, a bibliotecária disse que ficou com aquela imagem na cabeça e sempre pensava sobre aquilo até que, em um certo dia, foi fazer uma entrevista de trabalho em uma biblioteca. A entrevista se deu pelo Centro de Aprendizagem Metódica Profissionalizante (Camp), de Mogi Guaçu, que proporciona a inserção dos adolescentes no mundo do trabalho.
Ângela disse que na ocasião ela chegou atrasada ao local, pois não sabia se localizar direito na cidade. Depois da entrevista com a bibliotecária Cleozadil Marlene Colombini dos Santos, no dia seguinte, soube que havia sido escolhida, entre os demais jovens que fizeram o processo seletivo, para atuar na Biblioteca de Mogi Guaçu. A paixão de criança começava a tomar forma.
Atuando na área, Ângela passou a conhecer de fato o trabalho de uma bibliotecária, inclusive proporcionando cursos de encadernação para professores. Depois, quando acabou o contrato, Ângela prestou concurso público e continuou atuando no mesmo local, mas como auxiliar de biblioteca.
Quando chegou a hora de prestar vestibular, Ângela contou que não viu outra alternativa. Precisava prestar Biblioteconomia, e assim fez, e foi estudar na Unesp, em Marília.
Estudante da área, Ângela continuava a ministrar oficinas, como a de encadernação, e escreveu um artigo, que até hoje tem guardado em suas recordações. O ano era 1997, e o material foi enviado e publicado no jornal Gazeta Guaçuana de 29 de janeiro. Abaixo a transcrição de um trecho do artigo:
“Há muitos fatos que estão na moda na mídia brasileira, como esporte, religião, política e outras informações que são veiculadas para persuadir as pessoas. Cabe-me uma pergunta: o que a mídia tem feito em relação às bibliotecas públicas? Por incrível que pareça, poucas vezes são lembradas”.
A Biblioteca Pública Municipal nos dias de hoje
Hoje, Ângela, que também tem pós-graduação em Gestão Pública, é responsável por toda a biblioteca, e uma equipe com mais quatro pessoas. Mas, chegar até este posto demorou um pouco, uma vez que a bibliotecária passou por uma série de trabalhos que só agregaram ao seu currículo, como atuações em faculdades e instituto.
Hoje, na Biblioteca Pública Municipal estão catalogadas 19 mil obras, divididas em diversos segmentos. Mas, esse trabalho, ela conta que começou do zero, e, segundo Ângela, há muito mais obras para serem cadastradas. Quanto aos usuários, a bibliotecária disse que são cerca de cinco mil em atividade. Além de cuidar de todo o acervo e do sistema de empréstimo e devolução, outra atividade, complexa por sinal, é participação em editais. Por meio de um edital é que houve, inclusive, a modernização do setor infantil da biblioteca.
Hoje, a bibliotecária disse que muitas pessoas procuram pelo espaço para estudar, seja para concurso ou vestibulares, utilizando as obras do local.
O público que mais frequenta o local são jovens com idade entre 9 e 18 anos.
Livros em braile
Muitas pessoas desconhecem o fato de que na Biblioteca Pública Municipal existem livros em braile, destinado às pessoas com deficiência visual. Entre as obras disponíveis estão Harry Potter e clássicos da literatura, como Dom Casmurro, por exemplo.