quinta-feira, abril 17, 2025
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Uma distopia chamada Brasil

O Brasil 2021 parece uma distopia. Um lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação. Não parece real, mas é puro suco de Brasil. Desta nação forjada a sangue e pele esfolada dos antigos donos das terras, os índios.

De sangue e pele esfolada dos escravos negros retirados a força de suas nações. E ainda de muito suor de imigrantes pobres e à caça de oportunidades no país que explorou irmãos por 400 anos e, quando ostentaram oferecer liberdade, enquanto última nação a se privar da escravidão, os lançaram nas ruas e os expurgaram para os morros. Para a periferia.

É o país que não se envergonha de usar a religião, a fé alheia, como capital político, mas que faz piada com 600 mil mortes. O país do presidente que brada contra a vacina, a única salvação para que paremos de ver irmãos e irmãs morrendo ou chorando pela perda de entes queridos. Tudo porque um dos adversários políticos foi mais esperto e incentivou a produção da… vacina.

Doria que cometeu erros na condução da pandemia, sem dúvida. Contribuiu para a acentuação de uma crise que já não era controlada pelo Governo Federal mesmo antes da pandemia e que só piorou com a necessidade de isolamento social e fechamento de estabelecimentos. O que salvaria os comerciantes? A vacina, óbvio! Vejam aí. População vacina, pandemia controlada e tudo acerto. Tão óbvio…

Mas ver o país quebrar e milhares de empreendedores de pequeno e médio porte estourar não eram problemas para quem estava enriquecendo com offshore em paraíso fiscal, não é mesmo, Paulo Guedes? Dólar alto, combustível caro, gás de cozinha caro, comida cara.

Aqui, em Mogi Mirim, ainda temos privilégios. Mas tem irmão e irmã brasileiros brigando por osso. Por OSSO! E ministro lucrando R$ 14 mil por dia com empresa criada para deixar de pagar impostos. Sonegar é crime. Assim como furtar miojo, refrigerante e suco. Mas quem é a única presa? Claro, a pobre, preta e mãe de cinco filhos com fome… Ambos são iguais!

Mas seguimos ofertando suor, pele esfolada e sangue àqueles que se conservam no poder e com a riqueza. E que negam ajuda até para o sangramento mensal das mulheres. Facilitar o porte de arma de fogo é prioridade, claro. Vamos caçar javalis! Mas qual a necessidade de oferecer absorvente menstrual para, entre outros públicos, estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de rua?

Aí é consequência também do patriarcado, que escanteia as mulheres, ainda privadas de seus direitos básicos. Ainda estupradas e julgadas pela sociedade enquanto os estupradores são absolvidos pela Justiça.

É a distopia de um país desigual e que vê a desumanidade ganhar cada vez mais voz, numa insana viagem ao passado para conservar a chibata na mão de quem pode bater e acorrentar. E a mordaça na boca de quem, se perceber a força que tem, vira tudo isso de pernas para o ar.

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