segunda-feira, abril 7, 2025
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Uma jogada de mestre

A jogada foi de mestre. Rivaldo fez um daqueles gols de trivela que matam o goleiro. Daqueles gols que há apenas meia dúzia de jogadores no universo capazes de fazê-lo. Particularidade: o fez sem calção, meião, camiseta e chuteiras.

Certamente não havia um só ente humano sobre a face terra que pudesse vaticinar a escolha de Edinho para comandar o time do Mogi Mirim na Série B do Brasileiro. Inclusive pelo fato de que em momento algum Edinho esteve no ranking do mercado de treinadores do Brasil, hoje ou em qualquer momento.

Como marketing, que é o ponto alto da decisão, foi um acerto na mosca. Com precisão milimétrica. Em tudo que eu leio e escuto, estava lá a notícia de que o filho de Pelé havia sido contratado por um dos maiores craques da história moderna do futebol para dirigir o Sapão da Mogiana, como a plenos pulmões Zezé Brandão gostava de se referir ao Mogi, um de seus orgulhos, uma de suas paixões.

O Mogi subiu aos píncaros. Deve ter sido esse mesmo um dos objetivos de Rivaldo. A visibilidade pode render dividendos no sentido mais objetivo e concreto: grana, dinheiro. Afinal, um time que tem o filho do Rei do Futebol como técnico não deverá ser um time qualquer.

Acho que aí há um divisor. Com Edinho chega Edmilson de Jesus, então técnico do Primavera de Indaiatuba. Desconfio que Edmilson vai ser algo mais que um auxiliar. Vai ser um consultor. Vai ser muuuuuuiiiiiito ouvido – suspeito eu do alto da minha excelsa ignorância técnico-tático-futebolística.

E penso isso porque não consigo enxergar em Edinho, por tudo que fez no futebol até hoje, alguém com concepções muito definidas acerca de futebol. Acho mesmo que, contando todos os treinadores dos quais foi auxiliar e considerando a qualidade da maioria deles, Edinho está inaugurando a carreira de treinador com algum atraso.

Se me entendem, penso que ele já deveria ter desabrochado. Talvez seja um caso semelhante ao do Milton Cruz, do São Paulo, que vem preferindo a sombra do emprego garantido a se por no mercado e submeter-se aos riscos inerentes à profissão de treinador.

Não significa sentenciar, considerando minhas reflexões, que Edinho seja uma certeza de fracasso. Claro que recolheu experiências e não deve ser um néscio. Mas, ainda me faltam elementos para me convencer de que Edson, e não o filho de Pelé, está prontinho para a tarefa que Rivaldo lhe põe às mães. Seu sucesso vai depender muito de Edmilson, a outra voz da dupla com experiências já vividas na beirada das quatro linhas.

Pode até parecer contraditório, mas acredito firmemente que Edinho vai fazer muito bem ao Mogi Mirim na vertente do marketing. Ausente não sei há quanto tempo dos estádios, estou cogitando transpor os portões do ex-Vail Chaves para a jornada de estreia do rapaz. Sabem por que? Porque será daquelas ocasiões que entram para a história. E é sempre uma coisa emocionante ter estado no cenário de episódios da história que jamais se repetirão. E o que será a estreia do filho de Pelé no Sapão da Zezé senão um fato único? Alguém, por acaso, viu Pelé estrear duas vezes no Santos?

Valter Abrucez é jornalista autodidata. Ocupa, atualmente, o cargo de Secretário de Comunicação Social na Prefeitura de Mogi Guaçu e escreve aos sábados em O POPULAR

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