O mérito do julgamento que condenou a vereadora Dayane Amaro Costa (PSDB) por infidelidade partidária é uma questão que cabe ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), mas isso não é fato que impede de se fazer uma avaliação do seu papel enquanto parlamentar na Câmara Municipal de Mogi Mirim e o quanto seu desligamento pode afetar negativamente o quadro do Poder Legislativo.
A vereadora, eleita em 2012, é a mais jovem entre os colegas em exercício. Aos 25 anos, Dayane tem uma visão mais progressista dentro da política. Ela, Luzia Cristina Côrtes Nogueira (PSB) e Maria Helena Scudeler de Barros (PSB) são as três mulheres que integram o quadro da Câmara em um universo de 17 vereadores homens.
Com sua saída, a representatividade feminina na política mogimiriana corre risco de ficar ainda mais baixa. Dayane é conhecida por defender bandeiras da saúde, já que é formada em Biomedicina, do planejamento familiar, da educação e, principalmente, dos direitos das pessoas com deficiência física.
Os seus discursos sempre tiveram força social. Frequentemente, a parlamentar aborda temas que fogem da postura conservadora; fala da necessidade de proteção da mulher, do respeito aos homossexuais, da situação de moradores de rua e animais abandonados.
A vereadora, que sente na pele as dificuldades por ser cadeirante, também cobra veemente por acessibilidade e melhorias na mobilidade urbana, apresenta projetos que têm como foco, sobretudo, o munícipe, além de estar presente em boa parte das audiências públicas, interagindo e questionando os diversos assuntos. De modo participativo, ela ainda esteve nos debates travados por conta do Plano Diretor e da concessão do Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae) à iniciativa privada, por exemplo.
Ideias de projetos inclusivos, como o IPTU em braille, e até ousados, quando a parlamentar propôs a condução de animais domésticos no transporte coletivo de Mogi Mirim, também fazem parte do seu perfil. A postura contestadora de Dayane é outro ponto evidente e positivo para quem ocupa tal cargo.
Ela recorreu ao Ministério Público quando a Prefeitura deixou de cumprir prazos, protestou contra a falta de um profissional intérprete de Libras nas sessões do Legislativo e faz críticas ferrenhas aos prédios públicos que não cumprem com as normas que asseguram a acessibilidade, fazendo jus ao seu papel de legisladora.
Sem dúvida, a Câmara Municipal perderia um dos poucos membros que dá voz a públicos constantemente discriminados e marginalizados. Seria uma desvantagem até mesmo para o discurso político, que corre o risco de ficar preso ao tradicionalismo dos mais antigos na vereança.