Há tempos o teatro de Mogi Mirim não ficava abarrotado de gente. Mais de 300 pessoas se acomodaram nas cadeiras do espaço para conferir na noite de terça-feira um espetáculo de balé realizado pela Adágio Companhia de Dança de Mogi Mirim e pela São Paulo Companhia de Dança (SPCD), grupo reconhecido internacionalmente, que pela primeira vez se apresentou na cidade. Os grupos emocionaram e o público vibrou com aplausos que pareciam intermináveis.
Adágio abriu o espetáculo às 20h com uma apresentação chamada Pedaço, que teve 10 minutos de duração e tem como base o trecho do poema de Gregório de Matos, que diz só existir o pedaço depois de conhecer o todo. O grupo de Mogi Mirim levou a plateia à loucura.
“O público em geral nos surpreendeu e muito. Uma plateia muito gentil e educada, difícil de ver no interior. Mogi Mirim tem tudo para ser um pólo artístico”, disse Laura Francisco Gasparini, que ao lado de Lívia Francisco, comanda a Adágio.
Essa foi a primeira vez que o grupo abriu um espetáculo da São Paulo Companhia de Dança. A SPCD viaja por várias cidades a fim de descentralizar o balé e um de seus planos é conhecer a dança de outras localidades, por isso convidou a Adágio para que juntas se apresentassem em Mogi Mirim. Durante a tarde de terça-feira, os grupos chegaram até fazer aula de balé contemporâneo juntos, importante para a troca de experiência.
“Não há nada no momento que consiga superar o que vivenciamos. Estar no mesmo ambiente, trocar experiências, conhecer o dia a dia de uma companhia renomada internacionalmente, fazer aula junto, aprender e entender e não só sobre balé, mas de ética profissional, de som e iluminação, de colocação de coxias e rotundas, de como utilizar os recursos que você possui a seu favor. Conversamos com todos, desde a pessoa que limpa o linóleo (eles tem um funcionário para cada função), encarregado de som e iluminação, editor de música, camareira. Fora a simpatia do professor Guivalde de Almeida, dos bailarinos e da diretora artística Inês Bogéa, que por várias vezes disse que não existia São Paulo Companhia de Dança e Adágio, existe todos nós. Foi maravilhoso, foi mágico”, disse Laura.
“Pode ser o primeiro passo para um longo relacionamento. Por exemplo, em abril temos o Ateliê Internacional da Companhia em que os grupos fazem aula, convivem com a companhia durante cinco dias. Os interessados passam por uma seleção e essa relação, que já nos deixa conhecer melhor, pode ajudar nesse momento porque já conhecemos o potencial da Adágio”, disse a diretora artística da SPCD, Inês Bogéa.
“Não existe possibilidade de não abraçar a oportunidade e estamos muito felizes por ter nosso trabalho reconhecido e por um ícone tão importante no cenário da dança brasileira”, afirmou Laura.
Após a apresentação da Adágio, a SPCD apresentou seu primeiro número chamado Pas de Deux de O Quebra Nozes, que é formado por dois bailarinos que executam toda a técnica do balé clássico, mas com toda a leveza para encantar o público.
Após, foi a vez do segundo número, chamado Ballet 101. Na apresentação, apenas um bailarino se posiciona ao palco para executar as posições existentes no balé. A interação com o bailarino agradou o público, que também pode conhecer mais sobre a dança e seus passos em um espetáculo com fundo cômico. Já a terceira apresentação tinha o nome de Mamihlapinatapai, um espetáculo que mesclou a dança de salão e contemporânea e representa “duas pessoas partilhando do mesmo desejo, mas nenhuma quer tomar a iniciativa”, explicou Inês.
Uma realização, uma ideia
Inês Bogéa explicou que uma das frentes da SPCD é também trabalhar na formação de plateia para o balé. Assim, uma das realizações e quem também pode ser uma ideia para Mogi Mirim, é investir em palestra para professores e contatos com os estudantes. “Abrimos espetáculos para estudantes, trazemos aluno para a cena, fazendo ele ter uma percepção lúdica da apresentação e para os professores há palestras. Por exemplo, trabalhando a dança e sua relação com a moda e como ele pode contextualizar isso dentro da sala de aula”, finalizou.
Segundo Laura Gasparini, apesar de receberem pouco apoio, um projeto que segue esta linha deve ser realizado em breve, mas os detalhes devem ser divulgados no futuro.