Mais de dois mil e quinhentos quilômetros, 27 anos e cinco estados de um país com dimensões continentais separaram José Roberto Pereira Lima de conhecer um mundo completamente novo para ele. Nascido em Juazeiro do Norte, no Ceará, foi em Mogi Mirim que o auxiliar de almoxarifado deu seus primeiros cliques e se sentou em frente a uma tela de computador.
É através dela que José Roberto se comunica atualmente com a família no estado nordestino, a qual deixou para tentar ganhar a vida há dois anos e meio. Após 10 meses em Mogi, em julho de 2012, o homem foi chamado para trabalhar nas obras de construção do Datacenter do Itaú-Unibanco, pela Racional Engenharia.
No canteiro de obras, é ele quem controla os materiais de construção que entram e que saem. O trabalho é na caneta e no papel, totalmente manual, mas que em breve pode ganhar as planilhas do Excel, que José Roberto aprendeu a usar nas aulas de Inclusão Digital, do programa Educar é Crescer, oferecidas pela empresa.
“Achei importante participar. Fiz só até o segundo ano do ensino médio e desisti. A gente perde muita coisa sem os estudos”, considerou o trabalhador.
Do preparo dos cafés e da organização dos escritórios, aos computadores das salas de informática. Valéria Priscila Maria, de 22 anos, também participou do curso e já passa suas horas de almoço no computador, batendo papo com os amigos, curtindo publicações nas redes sociais, fazendo planilhas, pesquisas e até atualizando o currículo para futuros trabalhos.
Já ela é paulista, nasceu e cresceu em Mogi Mirim e chegou a trabalhar em uma lanchonete como balconista antes de entrar na Racional. “Nunca me interessei em aprender a mexer em computador. O curso foi muito bom pra mim, porque hoje em dia, se faz tudo nele. Nenhuma empresa oferece essas oportunidades”, disse, agradecida.
Valéria dá os seus primeiros passos no mundo virtual, porém sua filha de apenas 6 anos, já está inserida neste meio desde cedo. “Ela já tem até um tablet”, disse. “Mas vou conversar sempre com ela e instruir como usar o computador de maneira saudável”, garantiu.
Orgulhosa, segura seu diploma de conclusão de curso nas mãos. É fácil perceber que, o papel guardado dentro de uma pequena caixa cilíndrica é muito mais do que isso. É um troféu, mas pode ser chamado de reconhecimento também. Reconhecimento pelo esforço, de trabalhar das 7h às 17h e após o expediente, se distanciar por mais uma hora e meia da família e de casa, para aprender.
Projeto tem 26 anos
Os dois trabalhadores fazem parte de um universo de mais de 3.500 alunos formados no programa Educar é Crescer desde o início. No ano passado, foram 84 formandos em Inclusão Digital, 70 em Educação de Jovens e Adultos (EJA) e 54 em cursos profissionalizantes.
O programa foi criado pela Racional Engenharia há 26 anos, sendo o curso de alfabetização o primeiro curso a ser oferecido aos funcionários. Na época, grande parte deles era originária do Nordeste e se correspondia com seus familiares através de correspondências.
No entanto, aqueles que não eram alfabetizados dependiam da ajuda do setor de assistência social para executar essa tarefa. Diante disso, a empresa desenvolveu o projeto, implantando salas de aula dentro dos canteiros de suas obras a fim de alfabetizar seus funcionários.
A partir daí, a iniciativa foi se expandindo para incorporar as novas demandas do mercado e da sociedade. Atualmente os cursos oferecidos são: Inclusão Digital, Educação de Jovens e Adultos (EJA), cursos profissionalizantes em parceria com o SENAI, oficinas de artes em parceria com a Oscip Mestres da Obra, além de atividades culturais que abrangem excursões.
International Paper qualifica jovens de baixa renda
A multinacional International Paper, através de seu instituto social, formou 19 alunos do projeto Formare no último mês. O objetivo é oferecer qualificação e especialização para jovens de baixa renda da região, para que eles estejam prontos para ingressar no mercado de trabalho.
Essa foi a quarta turma da Escola Formare, que recebeu o certificado de iniciação profissional reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC), e saem com a formação de “Assistente de Produção da Indústria de Processo”.
O curso tem duração de 10 meses e é ministrado voluntariamente por profissionais da empresa em sala montada dentro da fábrica. Ele apresenta disciplinas como: medição e desenho mecânico, inglês, meio ambiente e processo industrial de papel e celulose, finanças, comunicação, ética entre outros.