terça-feira, abril 8, 2025
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Uma providência ainda que tardia

Mesmo tendo tantas referências em relação à história local, Mogi Mirim sempre desdenhou a importância de suas referências. Restam muito poucos imóveis, locais e tradições que estão preservados com a intenção de formar um acervo que possa passar às futuras gerações o que um dia foi a paisagem da vida dos ancestrais. O que se vê hoje são bens relativamente recentes e até de valor discutível como uma caixa d’água dos anos 70, e os espaços outrora ocupados por deslumbrantes casarões transformados em estacionamentos e novos prédios.

É verdade que está se esvaindo na maioria das culturas modernas o senso de patrimônio comum. A rapidez da comunicação e a superficialidade das informações tornam supérfluos os bens que emanem imagens históricas. Vale o poder econômico e o avanço urbano sobre tudo o que possa representar obstáculo à modernidade.

Um divisor de águas foi a derrubada recente do Casarão Amarelo, desdenhada por alguns e marcada de saudade por muitos. A forma tempestiva e agressiva à cultura, como aconteceu, teve um lado positivo: enquanto se buscava derrubar o prédio na calada de um feriado, tudo pareceu uma vã tentativa de esconder o constrangimento de mudar tão radicalmente o desenho urbano do Centro da cidade.

Desde então, a preocupação voltou para significativa parcela da sociedade, que agora busca estabelecer regras de proteção ao que ainda resiste. A Câmara de vereadores aprovou legislação proposta pela vereadora Maria Helena Scudeler de Barros (PSDB) com regras para criar uma disciplina para o tema. É uma tentativa de dar forma legal às intenções de salvar o que ainda resta de relevante e que ainda não desabou sob o peso dos interesses econômicos, especialmente os imobiliários.

Chega a ser animadora a motivação dos setores que se mobilizaram pela preservação de bens patrimoniais históricos. A ser festejada a recuperação da Igreja Nossa Senhora do Carmo, a reforma da Igreja Matriz de São José, a tentativa de se manter a Estação Educação, mesmo sem parte de suas fundamentais características.

A lamentar a falta de um museu à altura da história e tradição de Mogi Mirim, o estado lastimável do Centro Cultural Lauro Monteiro de Carvalho e Silva. Em meio a tantas perdas, merece ser tombada como patrimônio imaterial a luta de historiadores e amigos da cultura que enfrentam como podem o poder destruidor dos interesses meramente pragmáticos.

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