sexta-feira, setembro 20, 2024
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Uma realidade paralela

As fezes de pombos espalhadas pelo chão acompanhadas das trincas pelas paredes mostram, de forma clara, o abandono de um prédio que tem como principal finalidade oferecer a crianças, parte do futuro de uma nação, a melhor condição possível de ensino e educação. A falta de forros, a torneira quebrada e o alambrado retorcido completam um cenário melancólico, distante dos olhares da imensa maioria da população. Tal realidade, encontrada na Escola Municipal de Educação Básica (Emeb), Maria Paula, no Sehac, zona Leste de Mogi Mirim, coloca mais um percalço na tortuosa estrada da Educação brasileira e municipal.

Perto dali, uma área que serviria para o lazer e opção de entretenimento à população, tem cara muito mais de uma floresta em plena zona urbana do que de um local onde a prática esportiva deveria ser o carro chefe. Jogado às traças, o Núcleo Integrado de Atividades Sociais (Nias), no bairro Mogi Mirim II, revolta não apenas pelo mato alto, que toma conta de todo o campo (sem traves e gols), mas também escancara, de maneira ainda mais real do que a Maria Paula, o desleixo de um Poder Público que parece fechar os olhos para a realidade.

Basta andar por Mogi para constatar a enorme dificuldade de quem vive em bairros e periferias. Não existe investimento, não existe desenvolvimento, não existe incentivo para avanços, com exceção de um trabalho ou outro de melhoria.

É natural que locais com grande fluxo de pessoas e concentração de estabelecimentos comerciais ganhem a atenção da Prefeitura, entretanto toda a cidade deve ser observada. O cidadão da periferia paga impostos e tem o direito de se valorizado.

A impressão é que a incompetência está por todos os lados da Administração Municipal. Será que o prefeito Carlos Nelson Bueno ou os inúmeros funcionários do gabinete, de fato, aqueles que comandam a cidade, teriam coragem de deixar algum parente horas e horas em uma fila de postinho de saúde? Ou, em um ponto de ônibus sem cobertura e bancos, debaixo de sol ou da chuva? Ou matriculariam seus filhos em uma escola tomada por fezes de pombas no espaço do refeitório?

A Prefeitura deveria adotar uma gestão mais humana. Palavras de efeito em salas de arquitetura moderna e com clima fresco vindo dos ares-condicionados não parecem ser o método adequado para melhorar a vida de boa parte do mogimiriano. Essa parcela significativa da população sofre todos os dias e nutre a impressão de não ter aonde recorrer. O distanciamento dos líderes do governo com o povo é evidente.

A Emeb Maria Paula e o Nias nada mais são do que o retrato de uma gestão que esquece os mais necessitados. O discurso de que o possível vem sendo feito parece inócuo perante a realidade. É como se fosse um mundo paralelo. De fato, parece ser.

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