Problemas de falta de estrutura esportiva e no sistema educacional são comuns no Brasil e acontecimentos bizarros não podem ser considerados raridade. Porém, algumas situações beiram o absurdo e são sintomáticas, demonstrando o descrédito no poder público ou a falta de respeito com os interesses coletivos. Determinados episódios chegam a graus de extremismo de tamanha perplexidade que imediatamente são responsáveis por alarmar.
O Núcleo Integrado de Atividades Sociais (Nias), na zona Leste, foi construído com a ideia se tornar um centro de lazer e esporte, o que poderia beneficiar uma vasta gama de crianças, adolescentes e adultos de uma região carente. A finalidade, porém, na prática não parece estar sintonizada com a ideia. As atividades esportivas no Nias ainda não emplacaram, o local está praticamente abandonado, sem um controle, e a estrutura apresenta precariedade. Se o esporte sofre para encontrar seu espaço, a criminalidade dá seu jeitinho de tornar o local útil, pelo menos a seus interesses.
Em plena tarde do dia 5, mais de 50 tabletes de maconha foram encontrados no Nias. Denúncias foram feitas à Guarda Civil Municipal sobre a ocorrência de tráfico no local. Com a movimentação, alguns jovens fugiram. Com uma jovem de 20 anos foram encontrados um cigarro e dois tabletes de maconha. No local, 56 tabletes da substância estavam escondidos próximos a uma árvore e ao lado do campo de bocha.
A carência de atividades colabora para o desvirtuamento do Nias. O local também não é administrado em parceria com a comunidade, como outros centros esportivos, onde os cuidados da comunidade são maiores. Dessa forma, a Prefeitura deveria ter um controle maior ao menos para manter o respeito e administrá-lo de verdade.
Outro caso ocorreu na manhã de quinta-feira, quando um homem confessou ter sido o responsável por quatro furtos consecutivos a uma creche no Sehac. Foram furtados frangos, carne moída e maçã, que seriam utilizadas para alimentação das crianças. Sem se importar com o coletivo, o homem quis resolver o problema de sua fome e de companheiros.
O rapaz foi encontrado com outros homens assando o material furtado. O terreno era conhecido como Big Brother, o que torna o episódio ainda mais caricato. Culpar o rapaz, que deixou o poder público em uma situação de constrangimento, é algo óbvio, mas que não resolve isoladamente os problemas. A Prefeitura parece se mobilizar e informou que gradativamente as unidades escolares vão receber câmeras de monitoramento, o que já é uma ação positiva, além da Guarda Municipal ter conseguido agir e prender o ladrão.
Os dois casos demonstram o desrespeito da sociedade, que se auto-avacalha como reflexo de ações de alguns de seus membros, desrespeitando até centros esportivos e creches, mas também sinalizam uma gestão deficiente da administração pública. As duas partes dividem a responsabilidade.