Desde o início da administração de Gustavo Stupp (PDT) que as relações institucionais com o poder Legislativo têm sido confortáveis para o prefeito. Ao conseguir estabelecer uma base de apoio segura para a aprovação de todas as suas propostas, praticamente anulou a tentativa de articulação de um bloco de oposição. É verdade também que os vereadores que restaram na base de tiro não conseguiram encontrar o tom dos discursos a ponto de criar grandes polêmicas em plenário.
Assuntos extremamente delicados e passíveis de contestação, como a votação do organograma, o reajuste dos servidores, o salário de diretores, a privatização de serviços do Saae, tudo passou com tímidas manifestações que nem ao menos repercutiram fora. A maior artilharia veio mesmo dos protestos de rua, da ação inconveniente de alguns jovens e das redes sociais, onde as críticas pulularam febrilmente, não o suficiente para abalar a determinação do grupo de Stupp de impor um modelo de trabalho que, mais tarde se admitiu, foi frustrante.
Nem mesmo a denúncia de cobrança de suborno na Prefeitura foi devidamente administrada. Quando surgiu a grave acusação contra um dos secretários de confiança de Stupp, que agora saiu exonerado, não houve a preocupação de negar ou explicar os fatos. A contestação – se é que pode ser assim considerada – foi intempestiva, meses depois, quase que na forma de um desabafo de saída.
Agora, um fato novo se apresenta e dá uma nova coloração à política local. Na sessão de segunda-feira, por descuido ou descaso, foi aprovado um requerimento da vereadora Luzia Cristina Côrtes Nogueira (PSB) para enviar ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas informações a respeito de possíveis irregularidades na contratação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a elaboração do famigerado Plano de Cargos e Salários da Prefeitura.
Se foi um cochilo da base aliada, cometeu-se um grave deslize. Talvez mal acostumados pela liderança atenta da vereadora Márcia Rottoli (SDD), que se afastou da Câmara, os vereadores titubearam e deixaram acender um perigoso precedente que pode inflamar a oposição.
Se, de tudo, se aproveitar uma apuração séria e despolitizada, terá sido o melhor remédio. Mas longe de representar um avanço no trabalho do Legislativo, tão combalido que seriam necessárias muito mais intervenções para reverter a pecha de omissão e plácida condescendência.