Na quinta-feira da semana passada, em um universo de mais de 2,5 mil funcionários públicos municipais, apenas nove deles demonstraram interesse em discutir o aumento salarial deste ano e os benefícios que a categoria iria solicitar à Administração Municipal. Tal situação só confirmou a desunião da classe que, há dois anos, ainda no início de 2013, já deu sinais da desintegração com o pífio movimento grevista, em que poucos funcionários aderiram.
Logo no início do atual governo havia uma grande expectativa por parte dos servidores, por um aumento, que não veio, devido às dificuldades financeiras alegadas à época e por conta do governo não dispor de um orçamento específico que contemplasse um aumento robusto à categoria.
As relações entre empregador e empregado, desde que mundo é mundo, nem sempre são pacíficas. Vai ser sempre assim. No entanto, quando há a oportunidade de reivindicar melhorias através de uma reunião que deveria reunir milhares de pessoas com um único objetivo, muitos agem passivamente e esperam inertes, algo bom acontecer. Há aqueles que, esperam que o problema ocorra, para depois reclamar.
Por mais incômoda que seja a situação entre Prefeitura e servidores, em que as expectativas de um aumento salarial considerado bom, foram se dissipando e a insatisfação com as condições de trabalho possam ter sido acrescidos, não seria o caso de desistir de um momento importante como este. Fato é que, a assembleia de semana passada deixou um recado claro à Prefeitura: seja qual for a decisão sobre o dissídio, a reclamação deverá ser isolada e sem grandes manifestações contrárias capaz de deflagrar uma greve, como foi visto lá atrás, em uma experiência negativa para ambos os lados. Neste momento, a força que deveria ser demonstrada pela categoria, fracassou.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sinsep) enviaria nesta semana uma proposta de aumento salarial de 12,35%, que corresponde ao valor da inflação projetada, avaliada em 7%, mais 5,35%, para atingir a média do reajuste anterior. Desta forma, o salário base atual de R$ 800 passaria a ser de R$ 898,80. O valor seria 0,66% menor do que o salário mínimo paulista, que é de R$ 905 e 14% acima do salário mínimo nacional, hoje correspondente a R$ 788. Mesmo o salário base sendo maior que o piso nacional, o problema local são as disparidades salariais e de funções, que deveriam ser revistas caso a caso.
Tal fato pode ser encarado ainda, talvez, não como uma desunião, mas sim como uma comodidade agarrada na imagem do presidente Antonio Maciel de Oliveira, o Toninho, que há muitos anos permanece à frente do sindicato que é o responsável legal da categoria dos servidores do município. Prova disso, é que, nas últimas eleições do órgão sindical, não houve qualquer outra chapa de oposição a atual administração.
Já foi. Que nos próximos anos, todas estas situações sirvam como exemplo e motivem a categoria à reivindicar, a discutir, a discordar cada vez mais. Somente com a união e com o interesse das pessoas, a situação poderá ser alterada para algo ainda melhor. Senão, vai ser sempre assim.