De volta ao Boteco, o corintiano Valdecir Camargo, o Val do Pastel, relembra a tensão vivida em La Bombonera, na Argentina, no jogo de ida da final da Libertadores de 2012, entre Corinthians e Boca Juniors.
Boteco – Como foi em La Bombonera?
Val – Lá o bicho pega, arquibancada estreitíssima. Até a hora que o Romarinho marcou o gol, uma menina estava na minha frente, se eu não seguro ela pelo cabelo, ela ia cair lá para baixo. Não tem segurança nenhuma. Lugar que era para ficar 5 mil corintianos, tinha 12 mil.
Boteco – Dá medo?
Val – Lá deu. A hora que sai… O estádio fica dentro de uma favela na Argentina e só torcedor do Boca. Assustador.
Boteco – Para entrar dá medo?
Val – A torcida do Boca é violenta, tem um monte de barreira para você passar, é complicado. Mas lá eles fazem bafômetro para entrar no estádio, senão não entra. Todo torcedor tem que fazer. Você sopra, se tiver alcoolizado, perde o ingresso. Isso eu achei interessante.
Boteco – E os torcedores provocavam antes do jogo?
Val – Antes até que eram bem acolhedores, mas na hora do jogo, deu medo.
Boteco – O pessoal do River apoiou?
Val – Apoiou, até tirei umas fotos com eles no trem, eu estava indo para um lugar, mas desisti porque só tinha torcedor do Boca em um ponto turístico. A hora que eu vi que o negócio pegou, voltei para trás.
Boteco – E a torcida do Boca?
Val – Bonita, bate de frente com a do Corinthians, você fica emocionado de ver, eles não param um minuto.
Boteco – Alguma história no jogo de volta, no Pacaembu?
Val – Eu levei dois de Mogi Mirim, eles estavam com 3 mil reais no bolso e não entraram, não teve ninguém que vendeu ingresso. Eu tinha o meu ingresso, que sou Fiel Torcedor, tenho 120 jogos na carteira. Eu não tive coragem de vender o meu pra eles (risos).
Boteco – Já teve algum problema de briga?
Val – Já, mas não em jogo do Corinthians. Passei apuro em jogo do Mogi Mirim contra a Ponte Preta, em Campinas. Só tava eu de torcedor do Mogi, camisa do Mogi, eu e o Pedro Pilla, que já morreu. Quando acabou o jogo me encurralaram, me deram porrada. Se não fosse a Polícia eu teria morrido.
Boteco – Você procura ficar esperto para fugir de briga?
Val – Detesto torcida organizada, acho que não devia nem ter, eles prejudicam em vez de ajudar. Gosto de cantar, não paro um minuto, mas longe das organizadas. Eles são folgados, chegam no estádio, tiram os negos do lugar para eles ficarem.
Boteco – Você já foi pressionado para cantar?
Val – Já, uma vez eles estavam cantando Todo Poderoso e começaram a balançar a gente, se você não cantar, eles te empurram, brigam, tem que fazer o que eles querem.
Boteco – Já teve problema com outras torcidas?
Val – Com a Independente, do São Paulo, no Morumbi. Tive que sair correndo, entrar no estacionamento de um cara e pedir apoio para ele.
Boteco – Encontra muitos famosos nas viagens?
Val – Encontro, no jogo contra o Grêmio, eu voltei ao lado do Casagrande no vôo. Conversando, veio metendo o pau no Pato, bravo. Em La Bombonera, encontrei o Thiaguinho.
Boteco – Val volta para o último capítulo de suas aventuras, desta vez contando loucuras feitas pelo Timão.