sábado, novembro 23, 2024
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Valmir relembra a vida de rei, com as mordomias em São Mateus-ES

No segundo capítulo de suas histórias, o ex-profissional Valmir Cassimiro recorda a curtição na Ilha de Guriri e as mordomias, na época em que defendeu o São Mateus, do Espírito Santo, no Capixabão.

Boteco – Como foi a passagem pelo São Mateus?

Valmir – Lá é assim. Você chega na rodoviária e vai direto pro hotel. Maluco, 18 horas de viagem. Cheguei 3 da madrugada lá, em São Mateus, de ônibus, eu e o Preto.

Boteco – Morava junto com o Preto?

Valmir – Não, Preto tinha a casa dele, eu tinha a minha. Todo mundo chegava: “Eu quero morar na ilha”. Eu pensei: espera só um pouquinho. Primeiro jogo do Capixabão, São Mateus e Linhares, o clássico, fomos bem pra caramba, empatou, mas jogaço. O diretor chegou: “Tá gostando?”. “Tô, mas quero morar na ilha”. Eu morava no hotel dele. “Ah, quer morar na ilha? Então vai lá ver uma casa e traz o endereço e o nome da proprietária”. Acabou o treino, “Preto, vamos lá pra ilha”. É pertinho, chama Ilha de Guriri.

Boteco – Preto também queria?

Valmir – Também, fomos lá, minha casa: 14 cômodos mobiliados, 2 andares. Tudo mobiliado, abria a porta só pra ver se tinha bicho, alguma coisa, 14. Eu falei: é aqui mesmo, do lado da praia, escutava quebrar a onda da sacada. Essa é aqui mesmo. Aí, fui lá, endereço é esse, proprietária essa, ele falou: “Tranquilo, pode se mudar”.

Boteco – O cara tinha grana?

Valmir – Muita. Aí liguei pro pessoal aqui: “Arruma tudo aí e vem”. Eu chegava do treino, escurecendo, sem brincadeira: puxava o portão, esparramavam 5, 6, caranguejos, uma ilha mesmo. Entrada só da Argentina de navio, por cima de helicóptero e essa por São Mateus, a única estrada de terra. Ilha de Guriri, maravilhosa, impressionante.

Boteco – E tinha movimento?

Valmir – O prefeito de São Mateus morava na ilha, lugar mais da elite, única rua que tinha paralelepípedo, era do prefeito, o resto só areia. Final de semana, era movimento normal, era mais tranquilo porque Espírito Santo tem muita praia. Todo dia, eu tava na praia, não tinha treino, a gente jogava futevôlei. Foi maravilha, mordomia, os caras gostam muito de paulista, não sabem o que faz pra te agradar. Quando eu morava no hotel, a gente almoçava em uma churrascaria e jantava em outra, do mesmo dono. Você vai um dia, dá sua assinatura e almoça, dá a assinatura e janta, tudo por conta do clube. Como eu passei a morar na ilha, parei de almoçar e jantar na churrascaria, fazia comida em casa. Um dia, em um jogo, o proprietário da churrascaria falou: “Valmir, você não tá indo mais lá”. “Eu mudei pra ilha, pessoal meu tá aí, então, não tô indo”. “Não sei se você sabe, mas esses dias todos, você tem direito a ir lá e retirar tudo em mercadoria. Tá tudo computado, você tem direito de retirar o que quiser, porque o clube paga”. Já era tipo 3 meses que eu não ia, a hora que eu cheguei, levei tanto engradado de Coca-Cola, tanta coisa de carne…

Boteco – Cerveja também?

Valmir – Cerveja não, ficava ruim. Eu fiz o aniversário do meu filho com tudo que peguei lá. Peguei tudo que eu precisava, tudo que você pensar até dar o valor. Não sabia que minha assinatura tava valendo tanto. Aí peguei o carro de um amigo nosso, vamos passar lá. Encheu o carro. Acabou meu contrato, falei pro presidente: “Vou ficar mais 20 dias, não vou embora, não”. A onda quebrava, espirrava na sacada de casa, como vou embora de um lugar desses?

Boteco – Valmir volta para recordar confusões inusitadas no explosivo time do Velo Clube, de Rio Claro.

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