As paixões políticas, muitas vezes, falam mais alto e fazem com que as pessoas passem a adquirir visões distorcidas de determinado assunto ou que as atenções se atenham a um determinado lado, a uma determinada opinião. É fundamental que as pessoas trabalhem para que tenham um espírito questionador, por menor que seja, para que sejam capazes de separar o que é realidade daquilo que não é.
A população de Mogi Mirim terá, amanhã, uma oportunidade de ouro para entender, questionar e tirar suas próprias conclusões sobre a construção de um hospital municipal. A audiência pública promovida pela Câmara Municipal, a pedido do vereador e vice-presidente do Legislativo, Geraldo Bertanha, o Gebê, vem ao encontro das boas práticas de debater o que fará diferença em nossas vidas.
Encontros como esses são louváveis para que se evite a propagação de falsas notícias e para abrir os olhos e as mentes da população para aquilo que realmente é importante e merece a nossa atenção e a de nossos governantes. O idealizador da audiência foi claro: o assunto em questão será única e, exclusivamente, a viabilidade de construção de um novo equipamento público municipal, para os assuntos de saúde de Mogi Mirim.
É importante salientar que a Santa Casa de Misericórdia, que frequentemente figura quando o assunto passa a ser a criação de um hospital, mesmo sendo uma entidade privada, merece toda a atenção da população, afinal, muitos ali nasceram e viveram outros tantos bons momentos. É uma questão emocional. Mas é importante saber separar o lado sentimental do racional.
Juridicamente, sabe-se que é impossível que a Prefeitura assuma as dívidas de uma instituição privada, invista em algo que – perante a lei – não é do povo. A herança maldita, fruto de más gestões do hospital, é uma cicatriz que não se cura e insiste em abrir. As palavras a seguir podem até ser julgadas como frias, mas são retratos da realidade. O Poder Público não tem por obrigação ajudar a Santa Casa, mas sim, a população, oferecendo atendimento público de saúde, seja em qual endereço for.
Por outro lado, a centenária casa de saúde não deve ter as costas da população viradas para ela. Tomando como exemplo a audiência pública de amanhã, por que a Casa de Leis, que tem como dever abrigar as discussões de importância para a coletividade, não realiza um encontro para que boas ideias, juridicamente viáveis, vale ressaltar, sejam colocadas e amplamente discutidas? De que adiantam as palavras indignadas de um representante da população em uma tribuna, se as atitudes mostram-se passivas? A falta de ações neste sentido é desalentador. Isso sim, é virar as costas a uma entidade que clama para que sua cicatriz, enfim, se cure.