Os termos “mutação” e “variante” entraram rapidamente no vocabulário do brasileiro durante a pandemia de Covid-19. As alterações genéticas do vírus, que percorrem todo o mundo, preocupam os cientistas e deixam a população em alerta.
Para que uma nova variante surja, é necessária uma alteração genética no vírus. Ele sofre processos de transformação de maneira recorrente, e nem todos atingem patamares preocupantes.
Essas alterações podem fazer com que a capacidade de infecção ou transmissão aumente, e em casos mais graves, pode tornar a doença ainda mais devastadora para o sistema imunológico.
Desde o início da pandemia, já foram identificadas mais de 11 variantes da Covid-19 em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) divide as mutações entre de preocupação – que se transmitem com mais facilidade e causam infecções graves; e de interesse, que não apresentam aumento significativo nesses aspectos.
De preocupação
A variante Delta foi identificada na Índia em fevereiro de 2020, e tem sua capacidade de transmissão aumentada. A mutação chegou ao Brasil em maio, e segundo um relatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) das Nações Unidas, em julho já era predominante em quase 90% das amostras coletadas em todo o mundo.
Atualmente, a Delta circula em mais de 111 países, e as pesquisas mostram um nível de transmissibilidade 50% maior que as anteriores. Ao menos 50 pessoas já morreram da cepa no Brasil. No último dia 31, São Paulo registrou a primeira vítima – uma mulher de 74 anos, que já havia se vacinado com as duas doses da Coronavac.
Na variante britânica, batizada de Alfa se espalhou nos primeiros meses de 2021, e fez com que o Reino Unido adiasse a reabertura total do país. Nela, os cientistas levantaram a hipótese de um potencial de letalidade mais alto, o que ainda não foi comprovado pelas pesquisas; além de uma transmissibilidade maior. Para conter a chegada da cepa, o Brasil chegou a suspender temporariamente a chegada de voos vindos da Índia, da África do Sul e do Reino Unido.
A variante Beta foi identificada em outubro de 2020. Nela, o vírus faz com que a ação dos anticorpos diminua, dificultando a resposta do corpo ao tratamento e a recuperação do infectado. Os cientistas ainda pesquisam se a cepa tem alguma relação com os casos mais graves. Diferente da Delta e da Alfa, a variante não chegou a muitos países, mas se alastrou rapidamente pela região, assim como a Gama, no Brasil.
A situação de caos vivida em Manaus (AM) no início de 2021 tem grande contribuição da variante brasileira Gama, chamada de P.1. A transmissibilidade da cepa é 2,4 vezes maior que a variante principal do coronavírus, e é capaz de neutralizar os anticorpos circulantes no organismo, aumentando o risco de reinfecção.
De interesse
Além das variantes que concentram as atenções dos pesquisadores, há ainda a lista de cepas que apresentam menor grau de transmissão e gravidade. São elas: Variante Épsilon (B.1427 e B.1429): encontrada na Califórnia; Variante Zeta (P.2): encontrada no Brasil; Variante Eta (B.1525):encontrada na Nigéria; Variante Teta (P.3 e B.1.616): encontrada nas Filipinas e na França; Variante Iota (B.1526): encontrada nos Estados Unidos; Variante Capa (B.1617.1; B1.620 e B.1.621): encontrada na Índia e Colômbia e a Variante Lambda (C.37), encontrada no Peru.
Há ainda a variação C.1.2 , que surgiu a partir da linhagem C.1, que dominou as infecções na 1ª onda da pandemia na África do Sul em 2020. Ela ainda não recebeu nenhuma classificação da OMS, mas tem características semelhantes à Alfa, Beta e Gama, e está sob observação. Desde o surgimento, a nova cepa também já foi encontrada em outros sete países da África, Oceania, Ásia e Europa, como Portugal, Inglaterra e Suíça, além de China, República Democrática do Congo, Maurícia e Nova Zelândia.
Segundo o Ministério da Saúde, todas as vacinas disponíveis no Brasil atualmente – Pfizer, Astrazeneca, Janssen e Coronavac – são eficazes contra variantes. De acordo com a pasta, mais de 130 mil pessoas já receberam a primeira dose. Ao todo, 190 milhões de doses foram aplicadas desde o início da vacinação.
É preciso ficar alerta, porém, para a segunda dose da imunização: com exceção da Janssen, que é aplicada em dose única, todas as vacinas exigem duas idas ao posto de saúde para que a proteção esteja completa.
Na última quarta-feira, o Ministério da Saúde anunciou o início da aplicação de doses de reforço para idosos acima dos 70 anos e pessoas imunossuprimidas em setembro. Em alguns estados, calendário foi adiantado, e o chamamento para a 3ª dose já começou. (Com informações do IG)