sábado, novembro 23, 2024
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Vereador ou partido? Eis a questão

A abertura de processo de cassação do mandato da vereadora Sonia Regina Rodrigues, a Sônia Módena, tem sido um dos assuntos de falatório nas rodas de conversa política da cidade. O diretório estadual do Cidadania, antigo partido da atual presidente da Câmara Municipal de Mogi Mirim, promete ingressar na Justiça Eleitoral contra todos os vereadores que deixaram a sigla em 2020. O motivo? Infidelidade partidária.

Alegam que a legislação eleitoral não permite que vereadores troquem de partido na janela deste ano. Como o Cidadania decidiu formalizar uma federação com o PSDB, a situação é diferente dos vereadores do PSL e do DEM, que se fundiram e, aí sim, poderiam trocar de sigla. Sônia, por outro lado, se defende. Diz que se desfiliou do partido sob acordo de todos os membros do diretório municipal do Cidadania.

E, como é praxe, a tendência é de briga pela cadeira. Mas, de quem deveria ser a cadeira de vereador? É claro que trazer esta briga meramente para a nossa paróquia de nada resolverá. Mesmo assim, vale o debate. O fato atual é que as 17 cadeiras do legislativo mogimiriano pertencem, supremamente, aos partidos pelos quais os 17 vereadores foram eleitos.

Há exceções, claro e, muitas vezes, o edil termina o mandato vestindo camisa diferente da qual usou para ser eleito. Importante também destacar que o pressuposto da proporcionalidade é legítimo, com a ideia de que diferentes frentes, visões de mundo e ideologias estejam representadas na Câmara, que nada mais é que a “Câmara dos Representantes”, ou seja, daqueles escolhidos para representar a população.

E, se um povo é sempre tão heterogêneo, nada mais justo que haja diferentes representações na Casa de Leis. O problema é que, também é fato, que, nas eleições municipais, raros são os casos de eleitores que votam na legenda. Por ser um pleito municipal, a gigante maioria da população vota em pessoas que conhece, com quem tem alguma afinidade e sem, muitas vezes, saber em qual partido está.

É claro que esta linha de pensamento não deve entrar na atual disputa entre Sônia e Cidadania. É preciso respeitar as leis vigentes. Mas, convenhamos. É de se pensar que, em uma reforma eleitoral, seja alterada a forma de eleger os vereadores, dando as cadeiras aos mais votados. No caso de Mogi, aos 17 escolhidos pela população. Sônia teve uma votação expressiva, foi a opção de 2.356 eleitores.

Ao votarem nela, ainda “puxaram” mais uma cadeira para a sigla, garantindo a eleição da Dra. Lúcia Tenório. Mas, quem votou em Sônia, pensou nisso? Em trazer mais cadeiras para o Cidadania? O mesmo vale para a motivação dos eleitores dos demais vereadores e, óbvio, dos eleitores dos candidatos que perderam. Inclusive dos que terminaram o pleito com mais votos do que alguns dos que entraram, exatamente por conta de toda essa aritmética atual.

Na briga entre partido e vereador, quem fica no meio é o eleitor, que foi à urna escolhendo uma representação e, bem ou mal representado, corre o risco de ver, tempos depois, uma disputa pela cadeira que ele ajudou a ser preenchida.

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