A Vidraça Cia. de Teatro, um dos grupos de teatro de Mogi Mirim, foi vencedora da 9ª edição do Festival Amador de Monólogos, o Monofest, realizado em São João da Boa Vista, na Estação de Artes. O grupo apresentou o monólogo chamado Eu Preciso Falar, interpretado pela atriz Natália Valéria, com elaboração do roteiro e direção de Luiz Dalbo, que integra a companhia e é também ator. O monólogo foi criado a partir de recortes de textos que falam da infância e da adolescência de Carolina Maria de Jesus, uma das primeiras escritoras negras do Brasil, com grande importância no Brasil. O Monofest deste ano foi realizado em três dias de evento (5, 6 e 7 de abril), com 21 monólogos participantes e seis cidades diferentes: Mogi Mirim, São João da Boa Vista, Vargem Grande do Sul, Rio Claro, Caconde e Poços de Caldas-MG. No regulamento, os monólogos deveriam ter até 25 minutos. O resultado da premiação saiu no dia 7, último domingo, quando a companhia estava participando de outro festival, desta vez na cidade de Pirassununga. Na ocasião, Vidraça foi representada pelo aluno de artes cênicas Felipe Ray, que recebeu o troféu em nome do grupo.
Em formato de monólogo, essa foi a primeira vez que a companhia apresentou o texto sobre Carolina Maria de Jesus, isso porque o grupo já havia trabalhado a autora em outras oportunidades.
“Carolina Maria de Jesus não é uma novidade para o grupo, já demos voz aos textos dela em outra época. ‘Eu preciso falar’ é quase que uma necessidade vital do grupo, pois a gente sempre tem algo que entendemos que é preciso dar voz, porque infelizmente em nosso cotidiano atual nunca ficou tão importante reafirmar o que já deveria ser lógico, como é a questão do negro neste país e nada melhor que revisitar a obra de Carolina Maria de Jesus”, destacou Luiz Dalbo.
“A Carolina ainda vive, pois sua obra fala do negro, do favelado, da mulher sozinha que tem que criar e sustentar seus filhos, do catador e papel e da exclusão dos ditos ‘minorias’. Enfim, tudo o que no momento atual de nosso país é importante dar destaque e voz. O teatro é uma ferramenta de diálogo e provocação do senso crítico de nossa população”, finalizou Dalbo.
A atriz Natália Valéria, que apresentou o monólogo, disse ter se sentido bastante emocionada e honrada em apresentar o monólogo e poder falar sobre a temática apresentada em Eu preciso falar. “Foi muito emocionante falar da mulher, dos negros, do preconceito. Como a arte nos permite falar! Eu me senti honrada em falar de tudo isso em meio a outros espetáculos tão maravilhosos com temáticas importantíssimas”, pontuou.
Além das apresentações, o festival contou ainda com oficinas, um júri de profissionais especializadas na área, com organização da Prefeitura de São João da Boa Vista e produção do grupo República das Artes.
Fotos: Prefeitura de São João da Boa Vista