Protestos violentos com agressões contra atletas forçaram o cancelamento da Ultramaratona do Aconcagua, na Argentina, já com 45 minutos da prova, da qual a atleta Mirlene Picin estava participando, no sábado. Uma mobilização grevista foi feita por seguranças do Parque Provincial do Aconcagua e sindicalistas, impedindo a passagem pela ponte de madeira que atravessa o Rio de los Orcones. Corredores que tentavam furar o bloqueio eram empurrados, o que fez a organização suspender a prova. Os atletas até podiam continuar, mas sem suporte médico e de abastecimento da organização. Correr sem suporte seria perigoso.
Segundo dados da organização, foram 190 inscritos para os 50 quilômetros e 260 para os 25, com participantes de 15 países, incluindo 45 brasileiros. A prova faria parte de estudos médicos. O Aconcagua é considerada a montanha mais alta do mundo com exceção da Ásia.
No grupo dos 10 primeiros corredores e a primeira mulher a chegar ao ponto da manifestação, Mirlene não esteve entre os atletas agredidos.
Mesmo após ser informada que o evento estava suspenso, decidiu continuar e atravessar o rio, pois o bloqueio estava somente na ponte. Mirlene chegou ao primeiro campo base na Plaza Confluenzia a 3.400 metros de altitude com 14,5 quilômetros de prova. Foi a primeira mulher a chegar. A atleta se alimentou e completou 25 quilômetros em 2h55.
Mirlene tentou completar os 50 quilômetros para finalizar os testes, mas a organização informou que depois do primeiro campo base de 3.400 metros não teria mais apoio do staff ou da guarda do parque caso algo acontecesse. “Enquanto fiquei na barraca médica na Plaza Confluenzia, os médicos pediam que eu retornasse, pois com as condições climáticas ruins e na situação de cancelamento, a minha continuidade na montanha se tornaria complicada”, revelou.
Entre os 10 primeiros corredores que chegaram ao posto médico, Mirlene foi a corredora que apresentou a melhor condição física após a checagem da frequência cardíaca, pressão arterial e concentração de oxigênio no sangue.