Em tempos de grande insegurança, seja nos espaços públicos ou privados, a violência nas escolas também é uma realidade latente, especialmente nas unidades administradas pelo Estado. De acordo com dados do questionário da Prova Brasil 2015, aplicado a diretores, alunos e professores do 5º e do 9º anos do Ensino Fundamental de todo o país, mais de 22,6 mil professores foram ameaçados por estudantes e mais de 4,7 mil sofreram atentados à vida nas escolas em que lecionam.
As informações foram organizadas e divulgadas no dia 20 de março, na plataforma QEdu. O cenário de violência não se restringe apenas a professores e funcionários. O caso também se repete entre os próprios estudantes. Os números da Prova Brasil ainda mostram que 71% dos educadores disseram ter ocorrido agressão física ou verbal de alunos a outros estudantes da escola.
Em reportagem publicada pela Agência Brasil, na semana passada, mais de 2,3 mil professores afirmaram que estudantes frequentaram as aulas com armas de fogo e mais de 12 mil disseram que havia alunos com armas brancas, como facas e canivetes. Muitas vezes, havia nas aulas estudantes que tinham bebido, segundo 13 mil professores, ou usado drogas, de acordo com 29,7 mil.
Em Mogi Mirim, o número referente às escolas estaduais é assustador, uma vez que 82% dos professores, que responderam ao Censo Escolar, relataram situações de agressão verbal ou física. Nas municipais, a mesma situação se repete, porém o índice é menor: de 57%, o que ainda não deixa de ser preocupante.
Diante desse quadro, a volta da ronda escolar, já anunciada pela Polícia Militar (PM), se faz de extrema importância no município. A ronda é uma ação preventiva realizada a fim de proteger as unidades escolares da rede. Um dos policiais deve sempre fazer contato com a direção, estreitando o elo entre a PM e os diretores de ensino, alunos e familiares. No entanto, essa não deve ser a única alternativa dentre as muitas ações que podem ajudar a prevenir tais práticas.
Uma delas, por exemplo, é o diálogo permanente sobre o assunto entre a comunidade e a equipe escolar. É imprescindível que também se crie um grupo, representante de todos os públicos da unidade escolar, para diagnosticar os pontos delicados e se debater as possíveis soluções em conjunto. Afinal, ações repressoras e de autoridade, como instalação de câmeras, cercas e cadeados, além de não resolverem o problema, só contribuem para agravar um contexto agressivo. A união sempre será uma das mais poderosas forças de combate à violência.