A gestão do prefeito Gustavo Stupp já demonstrou uma espécie de desprezo pela cultura do município, o que torna a escolha dos secretários algo de importância reduzida diante da limitação com que escolhidos se deparam na secretaria. Por outro lado, algumas expectativas em relação a secretários se traduzem em decepções. É o caso de Francisco Scarabel Junior, que chegou à Prefeitura conhecido pelo apelido de Juninho do Tia Nena. Somente pela denominação relacionada a uma casa noturna e pela experiência com shows, a expectativa era que a cultura teria uma valorização no mínimo no aspecto musical. Ledo engano.
Em evento no Dia do Trabalho de 2014, a Secretaria promoveu uma série de eventos na Estação Educação, como palestras, divulgação de vagas de emprego e serviços para emissão de carteira de trabalho pelo Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), pois Juninho alegou que a cultura não poderia ser resumida a shows, mas sim valorizar o aspecto intelectual. Dessa forma, não houve atrações musicais, mas sim palestras relacionadas ao mercado de trabalho.
O evento foi um fracasso e uma palestra chegou a ser cancelada, pois não atraiu interessado algum. Juninho revelou ter ficado triste, pois se tivesse um grupo de pagode teria atraído 15 mil pessoas. Com essa consciência, poderia ter beneficiado o lazer dos trabalhadores em seu dia de feriado, com o chamariz dos shows podendo atrair interessados para as palestras.
Agora, após o cancelamento do Carnaval de Mogi Mirim, sob a alegação da Prefeitura de investimento em Saúde e Educação, Juninho surpreende anunciando o cancelamento da Virada Cultural Paulista na cidade. O evento é realizado em parceria com o Governo Estadual. Na justificativa, escancara uma visão microscópica do evento, minimizando a importância e abrangência da Virada Cultural e abraçando o comodismo de aderir ao cancelamento em vez de se trabalhar em conjunto em prol de garantir o lazer à população. Juninho argumenta que são poucas atrações musicais interessantes e, por esse motivo, não valeria a pena investir recursos.
Dessa forma, fecha as portas para bandas alternativas ou em busca de crescimento e impede que munícipes conheçam atrações diferenciadas que tentam ganhar espaço, limitando os horizontes. Da mesma forma, entra em contradição com o que disse no Dia do Trabalho de que cultura não é apenas show. A Virada Cultural é ampla, apresentando diversos estilos de atrações, como espetáculos teatrais, incluindo peças infantis e lúdicas. Mogi Mirim, que já tem a cultura mal-tratada, fecha ainda mais as portas para o conhecimento.
Alega Juninho que poderá promover a Virada Municipal, em mais um discurso sem dados concretos, lançado ao ar, algo comum na gestão Stupp onde projetos são divulgados antes de serem fechados e muitos morrem no vazio. A ideia de se promover uma Virada Municipal é positiva, mas embrionária e também irá carecer de recursos. Desprezar um evento consolidado no âmbito estadual, logo após o cancelamento do Carnaval, é mais um duro golpe à cultura mogimiriana, representando a aceitação de uma população inculta.