sexta-feira, setembro 20, 2024
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Viver o presente: essa tarefa é difícil? Eu me complico

Gente do céu! Tenho algumas coisas para contar! Em alguns dias desse ano precisei recorrer aos nossos arquivos de jornais antigos para encontrar materiais para encaixar em matérias atuais. Tem alguns arquivos que, por conta do tempo, não estão digitalizados, ou acabaram sendo perdidos, sabe? Mas, ainda bem, temos diversos livros, vamos dizer assim, em que estão arquivados os jornais. Semanalmente, os jornais vão se juntando. O fato é que peguei umas edições de 2010 na semana passada. Gente, como que pode?! Quantas coisas mudaram, como as pessoas se transformaram, mas também muitas situações permanecem! Achei legal ver as fotos antigas, o formato das páginas, no quesito diagramação, e como eram as pautas. Fico pensando que um dia as matérias e textos que escrevo aqui, nesta coluna, Mundo de Variedades, também farão parte desses livros, que contam a história da minha vivência, mas que perpassam por algo maior, que o contexto social do qual faço parte. O quanto será que tudo que deixamos escrito nessas páginas poderão ajudar a compreender o que, hoje, acontece em Mogi Mirim? Vai sobrar o que de nós? Somente nossas produções. Esquisito pensar isso, não é mesmo? Mas é real viu, gente!?
Tudo o que é material irá ficar e nossas ideias, somente, plantadas na cabeça de outras pessoas e olhe lá. Essa terra que hoje nos abriga irá ser palco para outros que, quem sabe um dia, poderão consultar esses textos, se inspirar ou até mesmo rir dessa mente que poderá ser considerada retrógrada para os anos 2050. E vida que segue.
Outro fato que me ocorreu é que quero salvar as fotos que vou guardando, no caso postando, no Facebook. Eu adoro ver aquelas memórias que o Facebook disponibiliza diariamente, mas me vejo sujeita a elas para lembrar do meu passado. Mas, imagine, se um dia ocorre algo na sociedade e que faça com que, “ploft”, o Facebook desapareça, ou mesmo que eu não queira mais participar das redes sociais… O que serão feitas das minhas fotos? Das minhas memórias? Onde eu, no meu incerto futuro, poderia ter acesso aos meus feitos? Às fotos da juventude? Às fotos dos projetos? Às fotos de quando dava aula ou trabalhava no jornal? Eu vou imprimir e, de verdade, é legar ver as imagens impressas em álbuns. Mas, hoje em dia, acabou caindo em desuso. Até por mim. Mas eu tenho um amigo, o Thiago, que sempre imprime as imagens e coleciona vários álbuns, até já recebi fotos de presente. Acho o máximo!! Ele é o memorialista do meu grupo de amigos, digamos assim.
Outro fato que mescla tempo. No caso, presente, passado e futuro é que li um texto nesta semana de um autor chamado Lorenz Marti, em um livro chamado Como um místico amarra os seus sapatos – o segredo das coisas simples. Neste texto, chamado Uma declaração de amor ao comum, ele fala sobre o quanto esperamos pela chegada do futuro e deixamos de aproveitar o presente, em especial, as coisas simples do nosso dia a dia, considerando nossas tarefas diárias como chatas e monótonas, mas que devemos terminar por conta de ter tempo para esperar algo maior. Mas ele questiona: o que seria maior do que viver esse tempo presente?
Ou seja, eu mesma fico aqui questionando como será o futuro, pensando sobre como ficarão os registros, e focada no passado buscando fotos antigas, sendo que deveria estar muito mais concentrada nesse texto que escrevo agora. É um exercício duro viver esse tempo presente, eu me complico, e Marti finaliza: “O essencial não está longe de mim. Está aqui. No presente. Sempre e em todos os lugares. Quando isso se torna consciente para mim, muita coisa se modifica. O que geralmente considero óbvio, mostra-se um valioso presente. O tédio do olhar superficial dá lugar à admiração e a uma profunda gratidão”.

Ludmila Fontoura

jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a PUC-Campinas, além de Historiadora e pós-graduada em História Social pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada de Mogi Guaçu, as Fimi.
mundodevariedade2@gmail.com

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