Qual o melhor horário de seus dias? Eu tenho dois momentos que considero especiais, mas não na mesma ordem. Gosto das manhãs, quando consigo acordar bem cedinho e abrir a janela para colocar minhas ideias e rabiscos no papel – que é quase nunca, porque com esse frio está bem complicado; e da noite, que é quando em chego casa e vejo minha Maria Clara, que é a gatinha mais velha de nossa casa, deitada na minha cama ronronando, com aquele olhar de que teve um dia bastante preguiçoso. Gatos têm férias eternas e eu tenho vontade ser gato por um dia.
Imagine só. Ficar o dia todo folgado na cama de meus donos enquanto eles saem para trabalhar, se estressam (ou não) no trabalho, enfrentam filas de supermercado e afins. Se eu fosse gato não teria boletos para pagar e nem impostos. Se eu fosse um gato meu único trabalho seria o de tomar banho com minha própria língua, ficar mexendo as patas pra jogar bolinhas ou correr atrás de mosquitos e borboletas, além de ficar largadona no sofá, na cama. Enfim, onde eu quisesse, porque o mundo iria me pertencer – assim pensam os gatos, hehe.
Mas eu não sou gato, talvez essa história de outras vidas também nem funcione, vai saber. No entanto, tem horas que temos que nos comportar como gatos, sim. Gatos no sentido de esticar nossos corpos no sofá, deitar do lado de uma boa vasilha, não de ração, mas de pipoca, e ignorar tudo que há ao nosso redor.
Tem momento em que precisamos colocar as pernas pra cima e esperar que o mundo desabe. Tem momentos que não dá para fazer diferente e que, como diz minha avó, não tem como colocar a carroça na frente dos bois.
É só o tempo que pode resolver situações, que pode gerar novas ideias e mesmo recarregar nossas energias. Tem horas que é preciso fingir demência, como dizem por aí. Tem horas que é preciso deixar o texto de lado e sair para tomar um café, não estudar o conteúdo, mas ver uma boa comédia na Netflix, não ir para a academia e comer um brigadeiro. Tem horas que é preciso não se cobrar tanto. Tem coisas que fazemos obrigadas e não funcionam bem. Por isso, a pausa é necessária!
Eu sei que é fácil dizer e complicado de executar, até porque somos cobrados a realizar tantas atividades, que deixamos nosso descanso e paz sempre para outra hora. Depois de cuidar do outro, de responder o outro, de fazer comida para os outros, etc. Mas, tem uma hora que cansa. E quando cansa, sai de baixo!
Por isso, vai com calma. Cuidado com as rugas de preocupação. Aproveita e descanse. Você merece ter um dia de gato.
Ludmila Fontoura é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Puc-Campinas, além de Historiadora e pós-graduada em História Social pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada de Mogi Guaçu, as Fimi.