As comunidades religiosas receberam um novo posicionamento de suas lideranças na última semana. Na quinta-feira, 21, ocorreu reunião da Comissão Episcopal Representativa. Logo após o encontro, a presidência do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que abrange o estado de São Paulo e da qual as paróquias de Mogi Mirim integram através da Diocese de Amparo, emitiu nota acerca do atual contexto da pandemia do novo coronavírus.
A nota da presidência abordou as dificuldades atuais para as respostas eclesiásticas diante dos apelos para a abertura das igrejas e a necessária cooperação ao combate ao Covid-19. “Com o passar do tempo, boa parte da população vai se cansando do isolamento social, tende a se adaptar ao perigo oferecido pelo Covid-19, e manifesta desejo de retomar o estilo de vida anterior”.
O presidente do Regional Sul 1, o bispo de Mogi das Cruzes, Pedro Luiz Stringhini, destacou ainda que “verifica-se assim um compreensível fator de pressão, junto às autoridades civis e religiosas, por medidas de abrandamento do isolamento social.
É evidente que o descompasso entre as opiniões das autoridades responsáveis também contribui para um clima de confusão e desacato às medidas mais sensatas”. Assim, enfatizou que, no tocante às respostas eclesiásticas, foi refletido acerca da necessidade de se buscar convergência nas orientações dos bispos, visando a uma eficiente cooperação no sentido de se evitar a aglomeração causadora do aumento do contágio.
A nota emitida também expressa preocupação com as “precárias condições dos irmãos e irmãs em situação de rua e da população empobrecida das periferias, vulneráveis ao contágio e à fome”, e com o “crescente desemprego e a dificuldade dos empreendedores”. Os líderes religiosas lembraram ainda que “tudo isso requer um olhar particular e atento dos governantes”.
Ainda no documento, a presidência expressou solidariedade às famílias das vítimas da pandemia e reconheceu o imenso bem realizado pelos profissionais da saúde, que têm se colocado em risco na linha de frente no combate à doença. E roga para que aos governantes e demais agentes públicos “não faltem inspiração, sabedoria e vontade política no compromisso com a defesa da vida de todos os cidadãos, especialmente os mais vulneráveis”.
NOTA DA PRESIDÊNCIA DO REGIONAL SUL 1 DA CNBB
Há quase três meses, o Estado de São Paulo e o Brasil enfrentam a pandemia do novo coronavírus. As medidas necessárias para mitigar os casos de contaminação impactaram profundamente a vida das pessoas e das instituições. Mesmo assim, as notícias persistem em minar as esperanças, pois o País ultrapassou a triste marca de mais de vinte mil mortos pelo vírus.
Com o passar do tempo, boa parte da população vai se cansando do isolamento social, tende a se adaptar ao perigo oferecido pelo Covid-19, e manifesta desejo de retomar o estilo de vida anterior. Verifica-se assim um compreensível fator de pressão, junto às autoridades civis e religiosas, por medidas de abrandamento do isolamento social. É evidente que o descompasso entre as opiniões das autoridades responsáveis também contribui para um clima de confusão e desacato às medidas mais sensatas.
Nesse contexto, causam grande preocupação as precárias condições dos irmãos e irmãs em situação de rua e da população empobrecida das periferias, vulneráveis ao contágio e à fome. As medidas de proteção a essas pessoas têm se mostrado insuficientes, o que é suprido em parte pelos edificantes gestos de solidariedade oriundos das igrejas, instituições e pessoas de boa vontade. É também preocupante o crescente desemprego e a dificuldade dos empreendedores. Tudo isso requer um olhar particular e atento dos governantes.
A administração das crises geradas pela pandemia é complexa e desafiadora. Assim sendo, no tocante às respostas eclesiásticas, na reunião da Representativa do dia 21 de maio, foi refletido acerca da necessidade de se buscar convergência nas orientações dos bispos, visando a uma eficiente cooperação no sentido de se evitar a aglomeração causadora do aumento do contágio.
As Igrejas Particulares do Regional Sul 1 têm envidado significativos esforços no combate à pandemia, ao trilhar pelo caminho estreito (Mt 7,14) de cooperação, por meio da suspensão das celebrações presenciais. Aprimorando-se no uso dos meios virtuais de comunicação e servindo-se igualmente dos meios convencionais, a Igreja permanece viva e atuante, celebrando regular e diariamente o sacramento da Eucaristia, levando a palavra de Deus aos corações e lares e exercendo a solicitude para com os pobres.
Há consenso entre os bispos sobre a necessidade de se ter como ponto de partida as orientações emanadas do Governo do Estado, passíveis de desdobramentos diferenciados nos mais diversos municípios. Dessa forma, medidas particulares, destituídas de uma visão mais ampla do conjunto das situações, podem comprometer o combate à pandemia, além de gerar mais pressão sobre quem tem a incumbência de tomar decisões nas áreas de maior incidência.
Ao celebrar, nos próximos dias, a solenidade de Pentecostes, que renova o dom do Espírito Santo, elo de união entre o Pai e o Filho, recordemos que este mesmo Espírito “mantem unidas todas as coisas” (Sb 1,7). E se o testemunho de Jesus Cristo pressupõe que “todos sejam um” (Jo 17,21), o mesmo pode-se dizer em relação à luta contra esta pandemia, para que não venha a ser inglória.
Mais do que nunca, as pessoas impactadas e enlutadas por essa grande perda de brasileiros, precisam da Igreja, no exercício de sua missão de anunciar que Deus caminha conosco, mantendo firme a esperança, fundamentada na certeza de que a vida que é mais forte que as doenças, os sofrimentos, o pecado e a morte.
O Regional Sul 1 da CNBB roga a Deus que acolha em sua misericórdia os irmãos e irmãs falecidos, expressa solidariedade às famílias das vítimas da pandemia, reconhece com gratidão o imenso bem realizado pelos profissionais da saúde, não sem grandes riscos à própria vida, e deseja que aos governantes e demais agentes públicos não faltem inspiração, sabedoria e vontade política no compromisso com a defesa da vida de todos os cidadãos, especialmente os mais vulneráveis.
Deus abençoe a todos com abundância!