No terceiro capítulo de suas histórias no Boteco, o ex-zagueiro do Mogi Mirim, Diego Gaúcho, recorda uma curiosa maré de azar.
Boteco – O que você lembra de curioso no futebol português?
Diego – Em 2005, eu fui pro Felgueiras disputar a Segunda Divisão. Lá é assim: o presidente não pagando, eles não podem disputar, caem para a última divisão. Aí o presidente não pagou, o time caiu para última divisão, fechou o clube, não jogou. Em 2006, como eu tinha feito um bom trabalho, quase 2 meses treinando com o treinador Luís Miguel, aí o treinador: “eu quero o Diego de volta pra cá”. Mas acabou de eu não ir onde ele era o treinador. Ele me indicou pro Gil Vicente. E aí tem uma curiosidade. Eu cheguei no Gil Vicente, Primeira Divisão, contrato de 3 anos. Só que na hora de começar o campeonato, 15 dias antes, o clube desceu de divisão (risos). Porque inscreveu um jogador ilegal, o Matheus, um angolano. Num campeonato, um ano antes, ele tinha jogado uns últimos jogos e foi inscrito ilegalmente, que ele era amador. E o Matheus tava comigo no Felgueiras. Aí, por causa do Matheus, nós jogamos a Segunda Divisão.
Boteco – Você falou: eu tô zicado, aonde eu chego, dá azar?
Diego – Isso aí mesmo, daí (risos) o Matheus falou: “pô, aonde você vai…”. Eu falei: “não sou eu, é você, meu, você que tá derrubando os times”. Aí jogamos a Segunda Divisão, joguei três anos no Gil Vicente. Aí nestes três anos, eu fui destaque, União de Leiria veio e me comprou.
Boteco – Qual foi o clube que o presidente te adorava e não te deixou ir embora?
Diego – Foi o Gil Vicente, logo quando eu cheguei, chegou o acho que primo do Jorge Mendes, Paulo Emanuel Mendes, empresário também. Ele chegou: “Diego, tenho um clube pra você”. Eu tinha feito uns dois, três jogos. “Tem um clube, o West Ham, para você ir na Inglaterra, mas você tem que sair do Gil Vicente. Eles tão te pagando?”. “Não, pior que estão 2 meses atrasados”. “Então, vamos meter a carta de rescisão, quando der 3 meses”. Porque lá você mete a carta de rescisão, se eles não pagarem em 3 dias, se eu não me engano, você sai livre e eles são obrigados a pagarem o contrato todo pra você, quando fica sem receber 3 meses. “Ah, não vou fazer isso”. E ele: “vamos, faz que daí eu vou te levar pra lá, você vai ganhar muito mais”. “Então, se você quiser, você mete, eu falo que é você que tá me forçando a fazer”. Daí meti a carta de rescisão. Só que o presidente falava: “Diego, não pense que eu vou deixar você sair livre, você é um grande jogador, eu sei que ele tá forçando, tá aqui”. Ele vinha e me pagava os três meses. No outro ano, quando eu saí do Gil Vicente, o Gil Vicente subiu de divisão (risos). Eu joguei os 3 anos na Segunda, eu e o Matheus, aí saímos naquele ano que eu fui pro União de Leiria, o Gil Vicente subiu.
Boteco – Aí vocês brincaram de novo?
Diego – É porque eu e o Matheus somos superamigos. Mas acontece. Não é porque aconteceram 2, 3 vezes, que vai sempre acontecer. Tanto que eu cheguei no Leiria, foi o sexto melhor time, naquela primeira época que eu fiz na Primeira Liga, ficou Porto campeão, Benfica, Sporting, Braga, Vitória de Guimarães e nós.
Boteco – Quem você chegou a marcar lá?
Diego – Eu achava difícil marcar o Liedson, que tava no Sporting. Já marquei o Taquara, Óscar Cardoso, que era do Benfica, o Falcão Garcia, no Porto. O Hulk foi difícil também. Tinha o James Rodrigues, o James fez 2 gols contra nós, 5 a 2 pro Porto, eu acabei fazendo 1 gol neste jogo.
Boteco – Diego volta contando curiosidades da Romênia, como jogar na neve e as vaquinhas para cerveja no vestiário.