No último capítulo de seu bate-papo, o ex-atacante José Roberto Januário, campeão do Paulista de 1978 pelo Santos, e ex-atleta de Ponte Preta e Vasco, recorda curiosidades da final da Taça São Paulo de Juniores de 1975 e uma provocação ao Corinthians antes de um clássico.
Boteco – Alguma história engraçada dos bastidores do Paulista de 78?
Zé – Ah, tem umas historinhas engraçadas. Não é desmerecer o clube, mas na concentração… porque tinha uns jogadores do São Paulo, não vou falar nomes porque fica ruim. Mas a gente falava, se eu perder pra aquele fulano, vou ganhar de quem? Vou deitar naquele cara. Uma vez eu falei antes de um jogo contra o Corinthians, treinador era o Teixeira do Corinthians, o goleiro era o Jairo. Aí eu falei que eu tava me afirmando no Santos e que o Teixeira tinha que armar uma defesa bem especial para mim porque eu era muito rápido e aquela zagueirada lá só se desse gravata em mim. Saiu no jornal O Estado de São Paulo, eu tenho lá em casa.
Boteco – E como foi no jogo?
Zé – Fui bem.
Boteco – Você gostava de falar com a imprensa?
Zé – Não. Eu era muito simples. Eu me empolguei um pouco de falar lá no Santos, porque o time nosso era muito bom e estávamos para ser campeão. Então a boleirada…
Boteco – Você comentou sobre uns duelos com o Luís Pereira e que também ele era seu amigo da noite. Como era?
Zé – Oh, o Luisão… Sabe como fiquei conhecendo o Luisão Pereira? Ponte Preta e Palmeiras, o árbitro era o Dulcídio Wanderley Boschilia. Leão no gol, Luís Pereira. E eu fiquei no banco. Estávamos perdendo. Eu entortava ele, nossa, o negão ficava puto pra caramba. “O neguinho, você tá empolgado”. E eu na minha. E a torcida vibrava, porque eu vinha, vu… Aí Dulcídio chegava perto: “para de correr em cima do Chevrolet (Luís Pereira), senão vou ter que dar pênalti”. Empatamos, não sei quem fez o gol, mas eu incendiava. Aí fiquei amigo do Luís Pereira, encontrava com ele em São Bernardo, no Demarchi, um restaurante top. Luisão na seleção. Melhor zagueiro do Brasil.
Boteco – Qual era o campo onde você mais gostava de jogar?
Zé – Adoro o Pacaembu. Eu tinha sorte naquele Pacaembu, desde o juvenil. Fui artilheiro da Taça São Paulo pela Ponte. Por isso que eu comecei a destacar. Fui revelado ali. Nós perdemos a final para o Atlético-MG, nós éramos para ser campeões, fomos vice. Empatou, eu ganhei o troféu de artilheiro, melhor jogador, tenho até lá em casa, até hoje. Que jogão lá no Pacaembu. Foi um jogão.
Boteco – E foi pros pênaltis?
Zé – Foi pros pênaltis. Eu marquei, o Humberto (Suzigan, de Mogi Guaçu) também marcou.
Boteco – Você teve problemas com violência no Rio?
Zé – Eu fui assaltado uma vez, mas de bobeira. A gente ficava na frente do estádio, acabava de treinar, ia começar a escurecer, a gente comia e ficava sentado ali na frente, puta de um calorzão danado. Aí tava com meu carro parado, o cara chegou e tchum, botou uma arma na minha cabeça, levou o relógio. Na época o preparador físico nosso era delegado. Os dois delegados, o Hélio Vigio, o titular, e o Antonio Lopes o suplente, preparador. Aí: “pô, professor, fui assaltado”. “Mas você fica de bobeira, aí paulista.” O que ele vai fazer? Correr atrás? Não tem o que fazer (risos).
Boteco – E como era o Abel Braga (então zagueiro)?
Zé – Nossaaaaa… P… Pensa numa pessoa gente da melhor qualidade. Um puta dum homão, gente boa demais.
Boteco – Valeu, Zé!