O ex-atacante mogimiriano José Roberto Januário, o Zé Roberto, esteve entre os homenageados na festa de comemoração aos 40 anos do título do Santos de campeão do Campeonato Paulista de 1978. Promovida pela Embaixada de São Paulo do Santos Futebol Clube, um projeto do clube para aproximar os torcedores distantes da Vila Belmiro, a festa foi realizada no dia 3, um sábado, no restaurante Quintal do Espeto, na Vila Madalena, em São Paulo. A festa teve início à tarde e transcorreu até o período noturno, contando com a presença de integrantes da diretoria do clube da época e de torcidas organizadas.
Embora o Paulista de 1978 tenha começado em agosto daquele ano, a longa competição terminou apenas em 28 de junho de 1979, em uma decisão contra o São Paulo.
Estiveram presentes na festa jogadores de destaque na conquista como os atacantes Juary e Nilton Batata, os meias Airton Lira e Pita e o lateral Gilberto Sorriso, além do goleiro Vitor, os zagueiros Joãozinho e Fernando, o meia Toninho Vieira e o volante Zé Carlos. Zé Roberto era reserva do elenco, mas participou de diversos jogos.
A festa proporcionou reencontros e teve música, cerveja e muitas opções de comida. “Começou duas horas da tarde, era 10 da noite, a gente estava lá ainda. Tudo que você pensar, até camarão, picanha, queijo, espetinhos”, contou Zé.
À noite, os atletas foram chamados no palco, um a um, discursaram e receberam um troféu em que está escrito o número 78 e o termo Meninos da Vila, apelido com o qual ficou conhecida a equipe campeã. O time representou a geração pioneira dos Meninos da Vila e a primeira conquista do clube após Era Pelé. “O Santos estava mal, aí o Chico Formiga, treinador, pegou a molecada dos juniores, subiu pro profissional e aí começou a arrebentar. E a gente era menino e deu certo, começou a estourar. Aí saiu, esses Meninos, esses Meninos da Vila, pegou Meninos da Vila mundialmente”, exaltou.
Em seu discurso, Zé Roberto lembrou o fato de a juventude do Peixe ter sido fortalecida pela ala experiente, com atletas como o volante Clodoaldo, que atuou pela seleção brasileira no tricampeonato da Copa do Mundo, em 1970. “A gente era garotinho, não tinha tanta experiência, mas tinha Airton Lira, Clodoaldo, que mesclou a experiência, Gilberto Sorriso, um dos mais experientes, Vitor, e nós assimilamos. Na frente ali, nós éramos muito rápidos, não tinha time que segurava. Isso era time, foi campeão e arrebentava com qualquer time aí”, vibrou.
Final
A final foi disputada em três jogos. O Santos venceu o primeiro jogo, empatou o segundo e perdeu o terceiro para o São Paulo.
Na prorrogação, o empate em 0 a 0 garantiu o título ao Peixe pela melhor campanha.

“Esse time do Santos de hoje não ganha daqueles. Foi um campeonato muito difícil e nós fomos campeões em cima do São Paulo no Morumbi. E por isso que a torcida do Peixe reconhece o trabalho árduo que foi”, destacou.
Golaço de Zé Roberto é exibido em telão de festa
Reserva do elenco santista na campanha do título paulista, Zé Roberto foi utilizado em diversas partidas entrando durante os jogos e também realizou alguns jogos como titular. Na campanha, marcou dois gols, um deles um golaço na vitória por 2 a 1 diante do Francana, pelas quartas de final do segundo turno, exibido no telão durante a festa no Quintal do Espeto, onde foram apresentados diversos lances da conquista santista. No lance de gala, Zé recebe próximo à lateral direita já girando e chapelando um marcador, mata a bola no peito, faz uma fila, se livrando de diversos adversários, dribla o goleiro e manda para a rede.
A apresentação do golaço rendeu uma brincadeira com o destaque do time santista, Juary, que, na década seguinte, foi campeão da Liga dos Campeões e do Mundial Interclubes pelo Porto, em 1987. “Na hora que eu estava discursando, um rapaz da torcida falou: pô, Zé Roberto, o Juary queria tomar aquele gol que você fez, tão lindo. Eu falei: realmente, o Juary queria tomar aquele gol de mim, mas não deu certo porque ele não sabia fazer gol daquele jeito (risos). Depois, ele deu uma retrucada”, comentou, lembrando ser muito amigo de Juary, que, inclusive, o convidou para um projeto de criação de uma escolinha de futebol em Mogi Mirim.

No discurso no palco, Zé falou sobre a passagem do tempo, de quatro décadas, a dificuldade de vencer o Paulista e a força do time santista, mas acabou sendo breve diante da festa feita pelos torcedores para cada jogador que discursava. “Eu não queria prolongar muita coisa, não tinha como, porque a torcida começou: ‘Santos, Zé Roberto, Santos, Santos, Zé Roberto’. Então, eu fiquei com vergonha, arrepiado, senti novamente o calor da torcida. Voltou a emoção de um jogo”, declarou. “Foi inesquecível, jogadores que fazia tempo que a gente não via, um sucesso as homenagens”, completou.
O tratamento dado pelos torcedores sensibilizou Zé. “Emocionou porque a torcida começou a gritar meu nome. Eles veem a gente, querem pegar, agradeciam a gente. É tanto tumulto, tanta gente pedindo autógrafo, torcedores”, descreveu.
Na festa, Zé Roberto encontrou um torcedor que tem guardadas fotografias de atletas do Peixe autografadas pelos jogadores em treinos na época da conquista. Uma imagem da fotografia de Zé com o autógrafo foi enviada ao mogimiriano depois da festa, surpreendendo Januário. A assinatura atual de Zé já era a mesma naquela época.
Depois de tantas emoções, os campeões de 1978 esperam não ficar tanto tempo sem se rever. Integrados em um grupo de WhatsApp, já pensam em um novo encontro. “Eles querem reunir, não querem mais perder o contato”, conta Zé.