Presente na inauguração do Gonçalves Avenida Society, como uma das atrações de um jogo festivo, o ex-jogador Zenon de Souza Farias, hoje comentarista esportivo, bateu um papo no Boteco. Ídolo no Corinthians na década de 80 e com passagens pela seleção brasileira, Zenon foi um dos destaques na histórica conquista do Guarani no Campeonato Brasileiro de 1978. No Boteco, Zenon recorda o título inesquecível para os bugrinos.
Boteco – Zenon, o que você lembra de marcante na conquista do Brasileiro de 78 pelo Guarani?
Zenon – Bom, nós tivemos duas situações diferentes naquela campanha em 78, a derrota que nós tivemos diante do Remo lá em Belém, em que a gente acabou sendo derrotado por 5 a 1. E depois a situação positiva que fomos para o Beira-Rio enfrentar o Internacional que era o candidato à conquista do título em 78 e nós ganhamos do Internacional em pleno Beira-Rio por 3 a 0. Então foram duas situações completamente diferentes uma da outra.
Boteco – Você realmente considerou essa vitória contra o Internacional como o jogo mais importante do título, mais do que a própria final contra o Palmeiras?
Zenon – Sim, foi ali que nós acreditamos que podíamos chegar mais longe, não vou dizer que foi ali que nós pensamos que seríamos campeões, mas que nos deu uma confiança, uma motivação muito grande, sem dúvida nenhuma foi daquele jogo.
Boteco – Você acha que o time do Internacional era mais forte que o do Palmeiras?
Zenon – Muito mais forte, mas futebol é assim, as surpresas tanto agradáveis quanto desagradáveis acontecem dentro de uma competição, ainda mais longa como o Campeonato Brasileiro.
Boteco – Depois da derrota por goleada para o Remo, você chegou a colocar alguma dúvida no grupo ou sempre teve certeza da capacidade? Ou pelo fato de ser um clube que ainda não havia conquistado o Brasileiro, ainda havia certo receio de que o time não conseguiria chegar longe?
Zenon – Na verdade, nós entramos no Campeonato Brasileiro, jamais imaginávamos que seríamos campeões. Nós entramos para participar da competição, só que aos poucos o time foi entrosando e ganhando confiança e aí deu no que deu, disputando um título e sendo campeão.
Boteco – Qual curiosidade marcante na decisão?
Zenon – O que chamou a atenção foi a expulsão do Leão no primeiro jogo, o Leão sendo expulso e um jogador de linha foi pro gol, no caso o Escurinho e eu tive que bater um pênalti.
Boteco – Ele falou alguma coisa? Tentou provocar? Como foi?
Zenon – Ah, muito, tentou provocar, não só ele como os demais jogadores. Pra você ter uma ideia, o jogo ficou paralisado durante cinco a 10 minutos. Porque os jogadores do Palmeiras não aceitavam a marcação da penalidade. Mas o Arnaldo César não voltou atrás, eu fui lá e bati com convicção e o Escurinho não saiu na foto.
Boteco – Você ficou tranquilo? Em nenhum momento se intimidou?
Zenon – Não, balancei, balancei. Antes de bater o pênalti, o coração acelerou um pouco, mas como eu era o batedor oficial do time, fui com convicção que ia fazer o gol.
Boteco – Zenon retorna ao Boteco na próxima semana para falar como foi explodir para o futebol e administrar a fama, comentar sobre Careca, com quem foi campeão no Guarani, e abordar a experiência vivida no Corinthians.