Por motivos relacionados às eleições, o último capítulo do bate-papo com o jornalista Geraldo Bertanha, o Gebê, deve ser publicado somente em outubro. Hoje, o colecionador de títulos como técnico de futebol amador, José Duzzi Neto, o Zito, conta histórias de churrascos pagos para adversários.
Boteco – Zito, muitas histórias com o Paulo Bolinha?
Zito – A gente era amigo, mas quando jogava contra, cada um arrumava pro time dele. Era muito legal aquela época. A gente brigava no campeonato, paramos três, quatro domingos por causa de árbitro. Ele falava: “o Cardoso eu não quero, não quero o Cardoso”. Porque ele falava que eu tinha comprado o Cardoso. Mentira. Parou o campeonato, ficou três domingos sem final. Porque não tinha acordo com arbitragem.
Boteco – Sempre teve uma rivalidade com o Paulo?
Zito – Tinha, mas era muito legal nossas brigas. Ficava o dia inteiro um vendo o que o outro ia fazer. Teve uma polêmica em um jogo do Mirante, eu com o Tonico. O Reginaldo estava em um time que eu não sei de quem era. Acho que era o Santana. Eles estavam classificados. Aquele tempo para classificar era gols sofridos. Para não ter sacanagem, não deixar um time fazer bastante. Mas dependia de saldo de gols também. Aí a gente ia jogar contra um time do Mirante, molecadinha. Nosso time era bom para caramba. Aí o time ia sair do campo para a gente não fazer os gols. O time não ia jogar, porque estavam pagando pros caras não vir. Por que aí estavam classificados. Aí eu fui lá e paguei um churrasco para molecada. Falei: “quero que vocês vão pro jogo. Vão jogar bola. Eu vou pagar um churrasco para vocês, vocês vão pro jogo. Se virem. E não pode cair. Tem que dar continuidade”. Nós tínhamos que fazer quatro. Na hora que a gente fez quatro, a gente falou: “agora vocês podem fazer o que vocês quiserem. E pode comer carne agora”. Ganhamos de 4 a 0 e aí eles caíram, saíram de campo. E saiu aquela p… polêmica.
Boteco – E aí teve o churrasco?
Zito – Teve o churrasco. Eu lembro também um dia na Piteiras, nosso time era bom para caramba. Nós íamos jogar contra a Santa Luzia, do Teixeira, na Santa Cruz. A gente estava classificado, mas a gente estava com jogador pendurado. Todo mundo queria jogar, nós íamos perder jogador? Falamos pros negos, o jogo foi de manhã. Chamei o Teixeira: “oh, acabou o campeonato, já estamos classificados, se vocês jogarem bola e não derem botinada para não tirar jogador…”. Porque os negos estavam pagando para tirar jogador nosso. O Marquinho Cisquinho jogava lá.
Boteco – Pagando para machucar?
Zito – Para provocar nego para ser expulso, para arrumar confusão. E o Santa Luzia não tinha mais chance nenhuma. Eu falei: “vocês vão jogar. Pode jogar, o futebol. Acabou o jogo, vai tudo pro rodízio do Gaúcho”. Aí o Marquinhos chegava na bola, a bola vinha, ele saía: “vamos pro rodízio”. Jogava a bola ia pra lá, pra cá, não queria saber. Aí fomos no Tchê, a molecada de bicicleta.
Boteco – Os dois times?
Zito – A Piteiras e o time deles, com reserva e tudo. E entraram tudo de bicicleta no restaurante. Acho que eles nunca comeram tanto rodízio.
Boteco – Aí ninguém se machucou?
Zito – Não, expulsão, nada. Santa Luzia era só molecada, mas ia tentar aprontar. Essas coisas a gente fazia.
Boteco – Zito volta para contar histórias divertidas envolvendo o zagueiro Du Cavalo, revelar quem considera ter sido seu maior rival como técnico no Amador e abordar a época dos badalados uniformes garantidos por Rivaldo.