Uma das áreas esportivas mais amplas de Mogi Mirim está a caminho de ser subutilizada. Ou melhor, começar a, de fato, desempenhar a sua função social. Mesmo em meio à crise causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o cronograma das obras de reforma do NIAS, na Zona Leste, continua em bom ritmo.
NIAS é a sigla para Núcleo Integrado de Atividades Sociais. O local tem como patrono o vereador Antônio Carlos Guarnieri, o Toca, e fica mais precisamente no bairro Mogi Mirim II. Encabeçado pela Sejel (Secretaria de Esporte, Juventude e Lazer) da Prefeitura Municipal, o trabalho de reforma tem movimentado toda a área do complexo esportivo inaugurado em maio de 2012.
As obras tiveram início em janeiro deste ano, com a limpeza de toda a área do campo e a remoção do mato. Em fevereiro, a empresa contratada para o serviço de plantio do gramado iniciou o trabalho, com a colocação de placas de grama bermuda. O local segue recebendo manutenção e, em breve, com a passagem do rolo.
Na última semana, o secretário de Esporte, Juventude e Lazer, Osvaldo Dovigo, se encontrou no local com Rodrigo Sernaglia, presidente do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgotos). Eles trataram sobre os serviços necessários para o escoamento de água no local.
Outras pastas tem atuado como parceiras nesta ampla reforma, como as secretarias de Obras e Habitação Popular, Agricultura e Serviços Municipais. Seguindo o cronograma da obra, a expectativa é pela conclusão da residência do caseiro e a instalação do alambrado que cercará todo o complexo.
Contrato
A Prefeitura assinou o contrato para reforma do NIAS no dia 6 de dezembro de 2019. O planejamento inicial foi de um investimento de R$ 454,9 mil para a reforma do complexo esportivo. A obra de revitalização prevê a troca total do gramado do campo de futebol, reforma dos vestiários, da portaria e dos banheiros, além da instalação de alambrados em todo o complexo esportivo e entre a arquibancada e o campo, além de novas traves, novos portões na entrada da portaria e vestiário e a construção de uma escada com guarda-corpo.
O projeto contempla também o acesso do vestiário ao campo, construção de casa para o caseiro, reparos e nova iluminação com lâmpadas de Led na pista de atletismo. A expectativa, no ato da assinatura, era de entrega da obra no primeiro semestre de 2020.
Além de beneficiar a prática do futebol e favorecer mais de 10 agremiações esportivas da Zona Leste, a ideia é fazer com que o NIAS torne-se, de fato, um complexo esportivo que atenda modalidades ligadas ao atletismo.
Núcleo
Inaugurada em maio de 2012, a área não oferece reais condições de uso para a população praticamente desde o início de sua operação. O espaço começou a ser construído como contra-partida a concessões feitas a dois empresários que apresentaram um projeto de construção de quatro torres no encontro das avenidas JK e 22 de Outubro, na Zona Norte.
Após a aprovação, o ex-jogador Rivaldo apareceu com o mesmo objetivo. Construir um conjunto de prédios, desta vez, próximo à Praça Floriano Peixoto (Jardim Velho), na região central. Foi transferido a ele a tarefa de fazer. Em 2014, já no governo de Gustavo Stupp, chegou a ser anunciada uma ampla reforma. Um projeto elaborado entre a Secretaria de Esporte, Juventude e Lazer (Sejel) e a Secretaria de Captação, Gestão e Controle, pretendia revitalizar o espaço.
O investimento, de R$ 309.382,63, seria proveniente de recursos federais captados por um convênio junto ao Ministério do Esporte. Estavam previstas obras semelhantes às que estão sendo executadas, como a reforma da área em que se encontra o campo de futebol, a construção de uma casa de caseiro, instalação de alambrado em torno da arquibancada e a reforma dos vestiários, além de um chamado “moderno sistema de iluminação do campo”.
O local, porém, nunca ganhou o trato necessário. Passou a ser frequentado por usuários de drogas e sofreu com vandalismo, como a pichação do vestiário. Em fevereiro de 2018, o NIAS chegou a virar notícia policial. O corpo de Robert Luan Augusto, de 17 anos, desaparecido em 19 de fevereiro daquele ano, foi encontrado cinco dias depois, carbonizado e enterrado em uma área do complexo.
O POPULAR também apresentou reportagem em janeiro de 2019, apontando as falhas e imperfeições por toda a área. As arquibancadas estavam sujas e pichadas e andando pelo local, podia-se perceber, além de sujeira, como garrafas plásticas sacolas, isopor e restos de entulho, tubetes de cocaína. No ano anterior, até um cavalo pastava pela área, em sinal de completo abandono. Agora, a expectativa é de que a obra iniciada em janeiro tenha a sua conclusão e o trabalho atual revitalize não apenas a área, como a motivação pela prática esportiva em toda a Zona Leste.