Se você nasceu no final dos anos 1980 e início de 1990, ou antes disso, com toda a certeza vai se lembrar dos papeis de carta. Repletos de cor, com linhas para a escrita, frases ou atividades, eles reinavam na vida de diversas meninas, que mantinham suas coleções em plásticos alojados dentro de pastas e mais pastas. O hobby era trocar os repetidos, aumentar cada vez mais a coleção e raramente usar uma das folhas para escrever um bilhete. Mas, o tempo passou. No entanto, mesmo na era da tecnologia, onde as mensagens são enviadas via internet, ainda há pessoas que mantém a coleção, especialmente por carinho e para lembrar de uma época que foi marcante em suas vidas.
Ligia Leal Loureiro, de Mogi Mirim, tem 28 anos e até hoje guarda os papéis de carta que colecionou durante toda a infância. Parte dos papéis que têm foi presente da avó Monica Maria Jesus Leal, que faleceu em 2004. E a outra parte, são os papéis deixados pela avó, que também colecionava e comprava pacotinhos e mais pacotinhos para a alegria das netas.
“Ela (avó Mônica) comprava de monte e distribuía para mim, minha irmã e minhas primas. Ela dava e nós trocávamos os repetidos”, recorda.
Por conta dos papéis de carta lembrar Lígia de sua relação com a avó, o carinho por eles é todo especial. “Eu guardo porque tenho dó de jogar fora e é porque é uma das coisas que faz com que eu lembre de minha avó, né. Mas hoje eu só guardo, não coleciono mais”, destacou.
Além dos papéis, que tem formatos diferentes, assim como coleções diferenciadas, Lígia também tem envelopes que podiam ser usados para enviar mensagens escritas no artigo. No caso das coleções, funcionava assim: os produtores dos papéis criavam séries, como se fossem figurinhas de álbum. Então, havia a coleção do alfabeto, de números, de bruxas e até do Pica-Pau, da Turma da Mônica e do Alf, por exemplo.
Bia Melati, que também mora em Mogi Mirim, e tem 27 anos, é outra pessoa que também mantém a coleção de papéis de carta. “Eu comecei a ganhar com uns sete, oito anos, e trocava com as minhas primas. Eu já separei para dar embora, mas o desapego não funcionou”, confessou Bia.
Bia assim como Ligia, apesar de terem suas próprias coleções, conservam uma característica em comum. Elas não usavam, assim como a maior parte das meninas, para escrever cartas ou bilhetes. Ligia usava apenas para copiar os desenhos e Bia nem se quer usava a folha para escrever seus pedidos para o Papai-Noel. “Eu lembro que quando era criança minha mãe dizia que era para eu pegar um papel para escrever para ele, mas eu pegava só se fosse repetido. Se não tivesse repetido, usava folha normal”, lembra Bia.
Cyntia Souza, de 32 anos, é de Mogi Mirim, mas hoje está morando em Jundiaí. Assim que soube que O POPULAR estava à procura de pessoas que ainda tem os papéis de carta logo de manifestou, afinal ela também mantém suas coleções aqui na cidade, guardadinhas na casa de sua mãe.
“Eu comecei com a ajuda da minha mãe. Ela sempre me dava um dinheirinho para ir na papelaria comprar. Também ganhei alguns da minha tia e assim foi indo. Os meus prediletos eram dos ursinhos carinhosos que eram lindos. Guardo a pasta com muito carinho até porque fez parte de uma fase muito gostosa da minha vida. Não me desfaço por nada”, finalizou.