POR MARIA ISABEL BORDIGNON
@nutrimariaisabel
Você já parou para pensar que comida, emoção e comportamento têm uma relação muito forte e complexa? Quando preparamos comida para alguém é uma maneira de demonstrar amor e receber comida nos faz sentirmos amados. Dar e receber comida está relacionado a celebração. Alguns alimentos, como os doces, são usados como recompensas e deixar de comer alimentos preferidos causa a sensação de “punição”.
A comida é, muitas vezes, usada para reduzir ou cessar emoções negativas e prolongar as positivas. Isso acontece porque a comida estimula o cérebro a liberar uma substância (neurotransmissor) chamada dopamina, responsável pela sensação de recompensa e prazer. Por isso, quando comemos algo gostoso, sentimos prazer e o associamos diretamente àquele alimento.
A comida tem uma função muito maior do que alimentar nosso corpo. Ela alimenta a nossa alma. Quando estamos cansados, estressados ou tristes é comum querer comer algo específico que nos reconforte. O sinal de alerta é quando a pessoa passa a utilizar com muita frequência o alimento como resposta às suas emoções.
Dessa forma, cria-se uma relação de desequilíbrio, ou seja, deixamos de comer por uma questão fisiológica (fome) e passamos a procurar alimentos com mais frequência por questões emocionais. Dessa maneira, a comida é usada para tapar “buracos” emocionais ou lidar com problemas e passa a ser utilizada na tentativa de regular as emoções, mesmo não tendo fome.
Normalmente, quando passamos a ter este comportamento, a culpa sempre vem em seguida e é aí que poderá ter início comportamentos alimentares disfuncionais, prejudicando muito a relação com a comida e, assim, aumentando as chances de desenvolver, com o tempo, um transtorno alimentar.
No consultório costumo ouvir pacientes dizendo que são muito ansiosos e que, por isso, comem muito: “desconto tudo na comida”. Todos nós temos ansiedade e, na maioria das vezes, é algo benéfico. Porém, quando ela passa a atrapalhar grande parte de nossa rotina, além da alimentação, é necessário procurar ajuda de um psiquiatra e psicólogo também, para que o tratamento seja mais efetivo.
A comida não “conserta” e não “resolve” esses sentimentos, pode apenas distrair, anestesiar ou mudar o foco. Quando você perceber que a busca por comida não está ligada à fome, tente identificar a sua emoção e questionar: “o que eu preciso?”, “estou com fome?”, “preciso de comida ou de um abraço, uma companhia, um carinho ou relaxar?” EMOÇÃO ASSUMIDA NÃO VIRA COMIDA!