terça-feira, novembro 19, 2024
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Especial do Dia dos Pais: o amor pelo futebol amador está no sangue

No DNA de um filho estão os traços genéticos herdados de seus progenitores. Entre eles, claro, o pai. Por vezes, o pai também ‘deixa’ heranças materiais. Mas há neste hereditarismo todo um espaço para transferências de amor. Entre elas, e é bem comum aqui no Brasil, está a paixão pelo futebol.

Quem acompanha os embates entre as agremiações amadoras de Mogi Mirim nem sempre sabem que, muitos dos que ali estão, vivem tal vida por terem sido apresentados, a ela, pelo pai. E é mais rico ainda quando esta experiência ocorre na convivência do pai, unidos por um escudo, por um amor!

Nem sempre é assim, claro. Em 2022, por exemplo, Diego Vanderlei Ramos Galvão vestiu uma camisa diferente da do pai, Carlos Galvão. Enquanto o filho jogou pelo Santa Cruz, Carlão treinava o seu querido Jardim Planalto. O pai aceitou, torceu pelo herdeiro, mas deu lá suas duras no moleque que, em 2023, é comandado por Carlão no Planalto e, juntos, fazem uma boa temporada no time da Zona Sul.

“Olha, gostar de futebol já nasce com o brasileiro (risos), mas o mais importante foi eu ver ele jogar e fui aprendendo um pouco né. Ele sempre motiva muito a gente e pega no pé também quando vamos mal. Mas hoje sou muito grato. Ser exemplo no bairro em que cresceu é gratificante e agradeço a Deus por tudo isso”.

O futebol é um dos meios de ligação entre estes dois amantes do esporte. E Diego reconhece muito mais do que isso. “Meu pai é um cara de um coração muito grande. O que ele pode fazer para ajudar qualquer pessoa ele faz e sou muito feliz pelo pai que ele é e pela educação que nos deu. Mesmo passando por momentos difíceis nas nossas vidas, ele estava lutando para nos alegrar e fazer de tudo por nós. Gostaria de dizer para ele que amo muito ele e que tenho muito orgulho de ser filho dele. Meu paizão, você é muito guerreiro”.

Fúria de amor
Se Diego é treinado pelo pai Carlão, com Rafael e Maurão já aconteceu o contrário. Em 2016, quando o Fúria entrou pela primeira vez em um campeonato na cidade, Rafael Fernandes da Silva, o Karkaça, decidiu assinar seu pai, Mauro Fernandes da Silva, o Maurão, então com 59 anos, entre os atletas do time. A ideia era se sentir mais seguro. Com eles também estava o irmão de Karkaça, Rodrigo Fernandes da Silva, o Makaay e, ao final, o Fúria foi campeão da Série C do Amador.

Esta relação de amor começou, porém, bem antes. “Sempre acompanhei meu pai na várzea de São Paulo, entre meus 7 e 11 anos de idade. Sempre estava nos campos de terra na Zona Sul”, relembra Karkaça, contando que este vínculo entre pai, filhos e futebol aumentou ainda mais depois de 1996, quando se mudaram para Mogi Mirim.

“Meu pai jogava no CA Floresta, o time do Horto, e meus irmãos e eu sempre batíamos bola naquele campo nos intervalos de uma partida e outra. Em 2003, eu com 18 anos, fui técnico desse Floresta com incentivo e aval do meu pai, que emprestou alguns uniformes do time para montar com a molecada, o que seria o embrião do Fúria de hoje”, conta o treinador, que não esconde a gratidão a Maurão pela trajetória que ele escreve hoje em dia no futebol. “Eu devo muito ao meu pai a respeito do meu amor pelo futebol. Foi a maior herança que ele me deixou. O aspecto desportista que tenho hoje está ligado diretamente a tudo que ele me ensinou. O Fúria é a materialização de todo amor que um pai pode passar para um filho”.

Tucura no sangue
Um dos maiores vencedores da história do futebol amador de Mogi Mirim também tem um pupilo na família. Wesley é filho de Everton. Bombarda é o sobrenome de ambos e como o pai é mais conhecido. Tanto que não é incomum ouvirmos chamarem Wesley de “Bombardinha”. O que o enche de orgulho.

Oras, a infância foi correndo atrás da diversão do pai. Sábado à tarde, domingo de manhã, domingo à tarde. A rotina de amor de Everton pelo futebol e, principalmente, pela Tucurense, foi inevitavelmente transmitida para Wesley, que recorda os bons tempos de criança.

“Até meus 14, 15 anos eu ficava como gandula e ele me dava R$ 5 para pegar bola. Quando o Tucura tava ganhando eu sumia com todas as bolas, escondia”, relembra, aos risos ele que, hoje em dia, integra a comissão técnica da Tucurense junto com o pai. “Agora a gente ajuda com o que for necessário, o que precisar ajudar estou à disposição e esse meu amor pelo futebol veio através dele, a vida inteira acompanhando. Ele vive por isso, vive pelo esporte, pelo Tucura e essa minha paixão pelo esporte veio através dele sim”, completa.

O amor compartilhado por pai e filho transbordou para a área profissional. Everton é formado em educação física, área na qual, neste ano, Wesley se graduará. “Todo esse amor que eu tenho pelo esporte é 99% por conta dele”, frisa, complementando. “O que eu posso dizer para você, meu pai, é parceria sempre e gratidão por tudo. Sempre que eu preciso você me ajuda, tanto na parte pessoal quanto na profissional. Então é parceria sempre, pai”.

De goleiro para goleiro

Ela não é a posição preferida da maioria dos jogadores de futebol. Porém, é no gol que Milton Santo Scapin se destacou no esporte e é no gol que o filho, Alex Scapin, escreve a sua história no Amador local.

Alex, aliás, sempre gostou de seguir os passos do pai, inclusive, quando o mesmo começou a comandar times pela cidade. “Eu sempre ia com ele nos jogos e aí eu peguei gosto por futebol. Ele sempre levava eu jogar nos treinos, sempre correu atrás das coisas pra que desse certo e hoje eu não vivo sem o futebol”, enfatiza o goleiro do Recanto da Cachoeira, que disputa a Copa Carlos Corrêa em 2023.

Inclusive, em 2019, estiveram juntos com o Recanto no título da Série C do Amador. “Tive a felicidade de poder estar junto com ele no mesmo time e ter feito uma campanha espetacular, campeão invicto. Se não foi a melhor, foi uma das melhores campanhas de Mogi Mirim. Isso me marcou bastante no meio do futebol”.

Neste ano, Alex é o goleiro titular e Milton é o treinador do Recanto da Cachoeira. E eles querem mais. Mais títulos? Sim. Mas, acima de tudo, mais e mais dias juntos no campo de futebol, um lugar que ambos amam. Paixão que inspira mensagens que valem para muitos outros casos de pai e filho no Amador. “Pai, você é uma das coisas mais importantes que tenho nessa vida. Só tenho a agradecer por tudo que você fez e faz por mim até hoje. Espero que possamos repetir esse ano o mesmo feito de 2019, quando fomos campeões juntos. Feliz Dia dos Pais, do seu filho que te ama muito”.

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