sábado, setembro 14, 2024
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O que não te contam sobre a bariátrica – Parte 2

Na última coluna falei um pouco sobre a experiência com a minha cirurgia bariátrica. Hoje, volto aqui para concluir, pois esta é uma longa história! Pois bem, de um ano para cá meus exames de rotina (faço de quatro a seis meses) têm demonstrado hipoglicemias (quedas bruscas da glicose sanguínea) e, desde então, minha médica queria inserir uma medicação para o controle.

Eu, como estudante de nutrição em fase final, pedi a ela a oportunidade de tentar corrigir com alimentação e repetiríamos os exames para verificar a condição. Tivemos melhoras, mas infelizmente este ano precisei entrar com mais um medicamento para controlar as quedas de glicose. O medicamento, por sua vez, também me causa incômodos como diarreia e flatulência, bem como o medicamento da osteoporose. Efeitos que, segundo a médica, tendem a melhorar com o passar do uso.

Esses sintomas são chamados de “hipoglicemia reativa” e, algumas vezes, podem ser confundidos com a Síndrome de Dumping, que é um “evento” também comum entre os ‘bariatricados’. A Síndrome de Dumping é o resultado das alterações anatômicas e funcionais, em que o alimento passa muito rápido para o intestino, causando uma sensação de estufamento, dores abdominais, hipotensão, tontura, taquicardia, sudorese e, em alguns casos, também a diarreia. Como bariatricada posso afirmar que é uma sensação horrível.

Enfim, eu poderia falar aqui: “tá bom, chega!”. Mas tem outra condição muito séria e preciso relatar, que são as compulsões. Sempre tive compulsão alimentar associada à ansiedade e, desde que fiz a bariátrica, especialmente quando estive em processo terapêutico, consegui controlar minhas crises compulsivas.

O que ocorre é que para isso não há cura, há controle e é uma permanente vigilância. Em muitos casos os bariátricos acabam trocando a compulsão pelos alimentos por bebidas, o que pode até levar ao alcoolismo. Em outros casos, a compulsão pode ser por compras, jogos, sexo, entre outros.

Para qualquer um destes casos, é preciso acompanhamento constante. Não é uma ou duas sessões de terapia que vão eliminar o problema. No início da pandemia me vi entrando numa compulsão alcoólica e isso estava me acarretando reganho de peso. Por sorte e por terapia, é claro, consegui voltar ao controle, mas conseguem perceber? A bariátrica não é a resolução de todos os problemas, ela é um caminho em busca do emagrecimento e possivelmente o controle de doenças, mas é preciso saber que muitas outras coisas virão a partir disto. E será que todo mundo está disposto a pagar?

O que eu posso dizer a respeito de tudo isso é que sou feliz com meu processo, me cuido, não deixo de fazer exames, não abro mão de uma vida saudável com alimentação correta e exercícios, mas nem todo mundo é assim. Antes de fazer uma cirurgia deste nível, é preciso avaliar a questão como um todo e saber que a vida nunca mais será a mesma, mas é possível ter uma vida praticamente normal.

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