Um projeto desenvolvido por alunos de licenciatura em letras, pedagogia e matemática do polo de Mogi Mirim da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) na área da educação inclusiva, foi escolhido pela direção do órgão educacional como referência para ser divulgado no canal que ela mantém no Youtube. O material começou a ser produzido no ano passado e foi finalizado em fevereiro deste ano, sendo exibido na TV Univesp no início de março.
Para assistir, basta acessar o link https://www.youtube.com/watch?v=PQWYa7E0IpY. O polo da Univesp em Mogi Mirim foi implantado em 2021 numa parceria com a Prefeitura, por meio da Secretaria de Educação.
Há uma disciplina na grade curricular dos cursos do Univesp chamado de Projeto Integrador, em que os alunos apresentam uma proposta prática para solucionar um determinado problema. Esse projeto é apresentado por meio de relatório, plano de ação, vídeo em grupo e protótipo.
No ano passado, o grupo composto pelos alunos Ana Cristina Bueno Fernandes, Camila Aguiar Amaral, Gisele Izaquiel Ferreira, Laiane Fernanda Marques Costa, Lilian Regina Vendramel Garcia, Rosana Amâncio Dias de Oliveira e Samuel José Machado, apresentou o Projeto Integrador “O Material Didático Auxiliando a Aprendizagem Inicial de Alunos Autistas”.
O trabalho teve como metas apresentar estratégias de ensino voltadas a discentes autistas, analisar as interações sociais de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) nas escolas regulares e contribuir com os estudos sobre a inclusão no ambiente escolar.
A inspiração da iniciativa veio de uma pequena estudante, de quatro anos, da Escola Professor Cid Chiarelli, da FEG (Fundação Educacional Guaçuana), em Mogi Guaçu, onde a educanda da Univesp, Lilian Garcia, atua como professora. Ela identificou dificuldades na interação da criança com seus colegas de sala e concluiu que a comunicação entre eles poderia ser aperfeiçoada.
Após estudos, a turma decidiu criar atividades em comum para incentivar a socialização. Produziu um protótipo de “Aramado”, com intuito de ser utilizado dentro de um plano de aula. O material possui moldura de madeira com três cabos de arame moldados de formas diferentes.
Cada fio tem botões coloridos, vogais e números de um a cinco, respectivamente. O protótipo foi confeccionado para estimular as percepções visual e tátil, coordenação motora, linguagem oral, sensibilidade auditiva, expressão corporal e a concentração. Também desenvolve o pensamento lógico, pois as crianças terão que decidir que peça pegar, como fazer as curvas do aramado e quantas levar de um lado ao outro.
O plano de aula, direcionado a crianças de quatro a cinco anos e 11 meses, tem previsão média de 30 minutos. Enquanto aguardam a vez para manusear a ferramenta, os pequenos são distribuídos em grupos menores com outros jogos e brinquedos em suas mesas, como blocos e sequências lógicas de imagens, o que também estimula o diálogo.
Durante a aplicação da atividade, o grupo procurou incorporar diferentes formas de trabalhar os conteúdos, a concentração dos alunos e a habilidade em socializar. Após avaliação, o grupo relatou uma melhora significativa nos processos pedagógicos da aluna com TEA, ou seja, a garota brincou e interagiu em todos os grupos, expressou suas ideias com clareza e bom vocabulário e vivenciou as atividades de maneira criativa e significativa.
Para o professor José Luís Garcia Moreno, coordenador do polo Univesp de Mogi Mirim, o projeto referendado pela universidade, dentre os que foram apresentados pelos polos espalhados pelo Estado de São Paulo, quebra um paradigma de que os cursos sendo ministrados em ambiente virtual apresentam um sistema de ensino que dificulta a aplicação da atividade prática. “É um diferencial da Univesp, que através do Projeto Integrador, cada curso, com suas especificações, foca os alunos na resolução de um problema de maneira prática”, ressaltou.