sábado, setembro 14, 2024
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Se for divergir, não treta!

Política. Cada faz a sua, à sua maneira. Isso é óbvio, afinal, vivemos em um país livre. Livre que, por óbvio, não significa “arreganhado”. Desde que se respeite as leis vigentes e o decoro, o livre arbítrio político está aí para que todos usufruam dele. Podemos ser de direita ou de esquerda. Podemos ficar neutro ideologicamente. Não podemos ser radicais, ao ponto extremista de odiar e cometer crimes contra quem pensa diferente. Oras, é tão simples.

Podemos só fazer a política da boa vizinhança. Podemos nem ela fazer e ficar “na nossa”. Podemos entrar para a política comunitária, condominial ou só a de bom cidadão, cobrando de quem nos representa nas diferentes camadas da política mais famosa: a partidária. Nesta, podemos estar ao lado da situação ou da oposição. Ou sem lado algum. Podemos até mudar de lado. Oras, nem tudo é simples.

João Victor Gasparini é vereador pelo União Brasil. Foi eleito dentro da base do ex-prefeito, Carlos Nelson Bueno, derrotado por Paulo Silva (PDT) no pleito de 2020. Foi servidor comissionado com CNB, ingressou como o mais jovem parlamentar da cidade fazendo uma oposição ferrenha a Paulo Silva e, após alguns meses, não só se tornou aliado do prefeito como também é o líder do Governo da Câmara.

Tiago Costa é do MDB. Foi candidato a vereador nos últimos anos sempre ao lado de candidatos derrotados para o Executivo. Em 2020, por exemplo, apoiava o ex-prefeito Ricardo Brandão, da mesma sigla. Foi opositor em larga escala de CNB e faz o mesmo com Paulo Silva.

Cada um tem seu perfil e é claro que respeitamos, como os respeitamos como pessoas e profissionais também. E é aí que entra um ponto complexo: o respeito. Os últimos embates entre João Victor e Tiago têm se dado em uma arena perigosa, com acusações, agressões verbais e um clima hostil que constrange quem acompanha as sessões da Câmara. Entendemos que eles têm suas diferenças.

Oras, como humanos que representam humanos, as divergências fazem parte do jogo. João é mais polido no uso das palavras. Tiago mais direto e até populesco. Só que não importa as palavras, eles foram eleitos para nos representar, assim como os outros 15 vereadores e assim como qualquer pessoa que ocupe as cadeiras do Legislativo Municipal.

Este festival de embates não é produtivo para o Município. E é triste, porque ambos são parlamentares com potencial para ajudar Mogi Mirim a crescer. Claro que resta curiosidade sobre como seria a postura de um Tiago Costa vereador em meio a uma Prefeitura chefiada por um aliado dele na eleição.

Só que Tiago tem um DNA nato pra se opor e isso é saudável à democracia. Em alguns momentos, parece que lhe falta traquejo para entender também que, só atacar, faz reduzir a credibilidade das críticas importantes que ele faz à situação. Mas raros são melhores do que ele para deixar um governo preocupado o tempo todo em não vacilar com a população por ter um opositor de sentinela como Tiago.

João Victor é outro com inúmeras armas a seu favor. É inteligente, dono de uma oratória tão boa que há décadas não víamos brotar por aqui. É jovem, obcecado pela carreira política. Esta obstinação pode lhe render bons frutos, mas, como todo amor, pode também resultar em decisões erradas. Como líder de Governo, é hábil para não se limitar a bajular o prefeito e, em ocasiões necessárias, tece as críticas que a Prefeitura precisa ouvir.

Tiago e João são cheios de defeitos. Oras, são humanos. Mais do que isso, fazem política. E, para o brasileiro, só de ser político já está lotado de defeito. Mas, sabemos que, sem política, nenhuma sociedade avança. Não queremos que eles se abracem. Nem que situação e oposição se tornem uma coisa só. Nem direita e esquerda devem velejar em um mesmo barco.

O que queremos aqui é propor uma redução no clima bélico. Um certo “armistício” entre as vozes mais conflituosas da atual Legislatura, por pensarmos que tais vozes, mesmo que naturalmente de tons diferentes, podem ser fundamentais para que Mogi Mirim cresça, em meio às necessárias divergências que constroem uma sociedade e em um clima de decoro e respeito entre pares eleitos para cumprir uma única missão: nos servir!

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