quinta-feira, novembro 21, 2024
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Editorial: Os 120 anos não poderiam ser mais tristes

Entre os mais de 90 mil mogimirianos, pouquíssimos se lembraram de, no dia 14 de outubro passado, celebrar o aniversário do Mogi Mirim Esporte Clube. E não foi uma data qualquer. Há 120 anos nascia um dos maiores patrimônios da história desta cidade. Assunto complexo devido à data oficial ainda ser o 1º de fevereiro de 1932, fato é que a documentação histórica encontrada nos jornais da época cravam o nascimento do antigo Mogy-mirim Sport Club, ainda com a grafia britanizada, há 12 décadas.

O Sapo é o sexto clube de futebol mais antigo em atividade no Brasil. Está atrás de Sport Club Rio Grande-RS, Ponte Preta-SP, Fluminense-RJ, Vitória-BA e Grêmio-RS. E, deste último, por um intervalo pequeno de tempo, já que o Tricolor Gaúcho é de 15 de setembro de 1903. Os 120 anos do Mogi Mirim, até por este aspecto de resgate histórico de seu período pré-1932, merecia uma edição inteira de jornal e até mesmo um livro. Infelizmente, materiais não viabilizados. E, mais infeliz ainda, é o estágio atual deste clube mais do que centenário.

O Sapo chega aos 120 anos com um cenário mais amador que em sua fundação. O caos político-administrativo nasceu ainda com Rivaldo, o jogador de maior projeção que já vestiu o manto vermelho e branco e, ao mesmo tempo, o presidente que conduziu a agremiação à insuficiência financeira e entregou o bastão para a gestão mais desastrosa em 120 anos. Em 2015, 112 anos após Arthur Pinto Lima, Miguel de Barros Penteado e outras figuras da época darem início a esta história, desembarcou por aqui Luiz Henrique de Oliveira e uma diretoria que empilhou fracassos. Nestes mais de oito anos sob a sua direção, o Mogi perdeu o rumo. Saiu da elite estadual e hoje está afundado na recém-criada quinta e última prateleira do futebol de São Paulo.

Deixou de ser o frequentador assíduo do Paulistão, status obtido após o sucesso da ‘Era Wilson Fernandes de Barros’, entre 1982 e 2008, para atingir temporadas sem atuação profissional e se colocar no limbo do futebol paulista. Também se distanciou do calendário nacional após sair da Série B de 2015 direto para o ostracismo com a eliminação na Série D de 2018. Pior do que os fracassos e rebaixamentos capitaneados pelo pior presidente de sua linda história, foi ver, neste mesmo período, uma dilapidação de sua condição financeira e patrimonial que faz até apaixonados torcedores clamarem pelo fim do velho Mogi Mirim para o ressurgimento de uma renovada instituição.

Diferente de 1932, quando o Sapo simplesmente registrou pela primeira vez em cartório a sua composição diretiva, saindo da informalidade iniciada em 1903, desta vez a dissolução do clube significaria a sua morte. A morte de um roteiro que já conta com 120 anos. Por mais que os capítulos recentes sejam os mais tristes possíveis, não podemos deixar de lutar para que as folhas ainda em branco deste clube que combina esta cor ao vermelho sejam preenchidas com o esforço mogimiriano de reconstrução e a escalada, mesmo que árdua, até o lugar que o Mogi Mirim Esporte Clube conquistou graças ao suor, sangue e dinheiro de natos cidadãos locais.

Que o esquecido aniversário de 120 anos sirva de motivação para que não abandonemos de vez este patrimônio que tanto serviu para projetar o município para o Brasil e o mundo e, de forma direta e indireta, sustentou o pão de inúmeras famílias de Mogi. Por mais triste que seja o presente, um viva ao passado. Parabéns, Sapão. E que o seu futuro seja de ressurreição e não de morte. E distante da fome dos urubus que o cercam.

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