Infelizmente, cá voltamos a falar sobre o clima de tensão na Câmara Municipal. Na semana passada, mesmo em meio à repercussão da suspensão da 20ª sessão ordinária devido a discussões desproporcionais e situações em que vereadores quase se agrediram fisicamente, preferimos manter a pauta inicial do Editorial e falar sobre a necessidade de apoio e valorização do comércio de Mogi Mirim.
Hoje, mesmo que quase 15 dias após a situação vexatória pela qual a bicentenária Casa de Leis mogimiriana passou no dia 19 de junho de 2023, o assunto segue quente. Como também é alta a temperatura no Legislativo. Em horário de sessão ou não. Porém, são nas sessões em que os microfones ficam disponíveis aos nossos estimados edis e, no uso da palavra, um direito inegociável e irrevogável, segue-se com a opção pelo ataque.
Tratamos aqui, no Editorial da edição de 15 de junho, sobre a relação nada amistosa entre Tiago Costa (MDB) e João Victor Gasparini (União Brasil). Respeitosamente, nos sentimos livres para sugerir um “armistício” entre os parlamentares. Porém, poucos dias depois, o que se viu foi o aumento da tensão e a demonstração de que há ainda mais pólvora armazenada.
Desta vez, vamos nos dirigir à Câmara como um todo. O clima tenso instaurado nos últimos dias, por óbvio, não condiz com um Poder instituído para representar a população e suas diferenças. Sim, diferenças! É na busca por vertentes distintas nas cadeiras que uma Câmara Municipal é composta por vereadores eleitos baseados em um coeficiente que visa garantir que a maioria das ideologias dos partidos políticos, desde que escolhidas pelo povo, claro, seja representada.
Tanto que julgamos que, tal como é nos EUA, o melhor nome, para que o próprio povo entenda o que ela é, seja “Câmara dos Representantes”. Porque vocês, queridos vereadores, são os nossos representantes. Cada um dos 17 vereadores representam uma parcela da população. Um modo de pensar, um modo de ver a vida, a sociedade, a coletividade. E temos certeza de que a Casa de Leis de Mogi Mirim é composta por excelentes 17 nomes. Tiago e João, atuais protagonistas dos principais embates, já tiveram suas virtudes aqui elencadas. E, claro, são cheios de defeitos. Como todos os 17. Como todos os humanos.
E a diferença é inerente à humanidade também. O que não dá é seguirmos testemunhas de discussões que extrapolam o convívio social. Essa imagem, exposta por representantes, transmite ao povo, o representado, a ideia de que é assim que se deve resolver os conflitos: com agressões verbais e risco de “vias de fato”. Aproveitando um ditado contemporâneo, pedimos que os 17 vereadores respirem, não pirem e entrem em um acordo pelo bem da Câmara e da população de Mogi Mirim. Incluímos todos, incluindo os que se chocam menos.
É papel de cada um de vocês brigar, mas no sentido figurativo e por uma Casa de Leis que tenha como foco principal o povo. Vocês estão aí para isso e sabemos que, de formas diferentes, cada um luta pelo bem dos cidadãos da nossa cidade. Só que é preciso ir além. Vocês são melhores do que essa fase de tensão. Sem abrir mão de suas convicções, abracem a diferença e os diferentes e concluam estes últimos 18 meses da atual Legislatura em um nível digno da história que cada um de vocês construiu no ambiente pessoal, profissional e político. Assim como em 15 de novembro de 2020, repetimos aqui: confiamos em vocês.