Jarbas Caroni, que respondia pela Secretaria de Políticas Sociais, Cidadania e Direitos da Mulher desde o início do ano, deixou a Prefeitura na semana passada. Segundo o Executivo, ele foi exonerado na sexta-feira. Da mesma forma, a assessora de secretaria, Vanessa Custódio, também foi dispensada. As demais assessoras, que acusam o advogado de extorsão, foram remanejadas para outros setores.
Baseado nas denúncias, na sexta-feira, o prefeito Gustavo Stupp enviou ofício ao delegado de polícia, denunciando supostos atos ilícitos praticados por Jarbas, como extorsão, estelionato e corrupção passiva. Na carta, Stupp revela que as funcionárias foram ouvidas, com a finalidade de esclarecer o caso denunciado por um funcionário da Secretaria de Obras ao secretário de Governo, Jonas Alves Araújo Filho.
Foram anexados os depoimentos das funcionárias Claudiane de Jesus Carvalho, Gabriela Galhardoni Moreira, Luciana Rocha Mendes Peres e Valana Patrícia Alves Pereira à Secretaria de Negócios Jurídicos, na quarta-feira passada, 30. Todas elas foram convidadas a trabalhar na Prefeitura em janeiro, pelo próprio Jarbas. Seu filho, Jarbas Caroni Filho, intermediou a conversa com Gabriela e Luciana.
No momento do convite, o ex-secretário teria revelado a elas que parte dos seus salários, por determinado período de tempo, seriam entregues a ele, com a justificativa de estruturar o partido do qual é presidente, o PRB. Os valores, segundo a denúncia, variavam de R$ 750 a R$ 3,2 mil, dependendo da função desempenhada pelas comissionadas, dos três primeiros salários. A exceção fica por conta da negociação com Gabriela, convidada para exercer cargo de gerente, que colaboraria com uma quantia dos seis primeiros vencimentos.
Recebimento
Ainda segundo as declarações encaminhadas à Polícia Civil, as garotas eram orientadas a colocar a quantia combinada em um envelope e entregá-lo nas mãos de Jarbas. Algumas delas afirmaram que o valor era recolhido na própria Prefeitura, na casa do político ou até mesmo na casa das comissionadas. Era exigido também que elas participassem de eventos promovidos pelo PRB.
Passado o tempo combinado inicialmente para o recolhe de parte dos salários, as servidoras disseram que Jarbas continuou exigindo as quantias, sob pena de serem exoneradas e não conseguirem emprego em nenhum outro lugar. “Por não concordar com essa situação, nos últimos dias conversei com as demais assessoras e juntas, informamos ao Sr. Jarbas que não repassaríamos parte do nosso salário do mês de julho”, disse Claudiane, em seu depoimento.
Em todas as declarações, constam a informação de que, recentemente, Jarbas teria dado a entender que a quantia cobrada não seria destinada ao partido, mas sim para alguém chamado Gabriel. Não é informado o sobrenome do indivíduo, mas todas elas disseram ter procurado por Gabriel, que negou ter recomendado ao político esse tipo de ilegalidade, orientando-as ainda, por ele não trabalhar na Prefeitura, procurar pelo Jurídico e fazer uma denúncia formal.
Exonerado nega e acha denúncias “estranhas”
No início da tarde de ontem, Jarbas disse ao O POPULAR que soube que havia sido exonerado pelas notícias da imprensa. “Não sei o que está acontecendo. Até segunda-feira eu estava trabalhando. Acho estranho porque não foi aberta uma sindicância e o prefeito não falou comigo”, disse, por telefone.
Ele negou as acusações de que teria exigido parte de seus salários. “O que existe, é uma contribuição mínima de 5%, mas não tem nada disso (extorsão)”, disse, sem explicar sobre o que seria essa contribuição. “Porque eu, como secretário, iria exigir ‘300 contos’ de uma menina?”, desqualificou.
Ele considera as denúncias como uma forma de suas ex-assessoras se livrarem de acusações feitas por ele à Secretaria de Negócios Jurídicos. “Peguei umas ‘besteirinhas’ delas no trabalho e denunciei. Uma delas até me fez ameaças pelo celular”. Ele, que disse estar em um hospital em Campinas devido a uma queda de pressão, finalizou questionando o motivo de não ter sido feito uma sindicância e que “a verdade vira à tona”.