Não deveria ser preciso passar por uma guerra para se conhecer o herói. Mas foi nesta batalha insana contra a Covid-19 que percebemos o óbvio. A relevância daqueles que se dedicam para cuidar de um bem tão precioso como é a nossa saúde. E a de quem amamos. Inclusive, se colocando na linha de frente, se expondo aos riscos para cumprir a missão essencialmente altruísta a qual se dispuseram. Para estes heróis, que se entregam diariamente para cuidar de nós, foi criada uma data especial. O 12 de maio é o Dia Internacional do Profissional da Saúde. Originalmente, era lembrado como o Dia da Enfermagem, em homenagem a Florence Nightingale, inglesa que viveu entre os séculos 19 e 20 e que é considerada a idealizadora da enfermagem moderna. A ampliação desta reverência tem sua justiça. Afinal, dos tempos de Florence para cá floresceram mais e mais campos de atuação. Cada um com suas ferramentas e muito amor à profissão. E ao próximo, claro. E, por mais que a cor que citarei adiante simbolize bem este ofício, não dá para passar em branco nesta data, concorda? Assim, O POPULAR e seus anunciantes prestam uma singela exaltação. Um gesto de carinho e gratidão aos profissionais da saúde.
Vocês são nossos heróis!
Valéria sempre sonhou tratar das pessoas e se formou em medicina em 1994Mogi Mirim sempre foi pródiga em relação a bons médicos. Em mais de dois séculos de história, qualquer tentativa de criar uma lista de referência seria assumir a óbvia condição de injustiça. Nesta relação está uma mulher, natural de Mogi, com muito orgulho, como ela faz questão de dizer.
Valéria Barione Picinato se formou em medicina, pela Unesp, de Botucatu, em 1994 e tem especialização em otorrinolaringologia. Ela atende em um consultório na Vila Áurea e no Hospital 22 de Outubro. “Desde criança sempre sonhei em ser médica. Sempre que alguém da minha família ficava dodói eu que fazia os curativos e cuidava”.
A missão de zelar pelo próximo é um dom tatuado em Valéria. Ela considera que ser médico é a profissão mais linda do mundo. E olha, sem permitir um centímetro de soberba, que fique claro. “As outras profissões também são lindas e igualmente importantes, pois, por exemplo, sem os meus queridos professores não teria conseguido realizar meu sonho”.
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O que Valéria ressalta é que, com o ofício que desejou exercer, se sente capaz de aliviar a dor e o sofrimento. Nós, meros pacientes, bem sabemos o quanto isto é importante. “Poder curar, trazer alegria às pessoas e, no mínimo, naqueles casos em que não conseguimos curar, tentarmos ajudar, aliviar. Às vezes, só ouvir”.
Como estes atributos são importantes, ainda mais em tempos sombrios. “A pandemia de Covid-19 é um dos maiores desafios que enfrentamos, mas há outras doenças, como o câncer e a aids que são grandes desafios também”. Ela completa. “Na pandemia de Covid-19, além da doença, estamos tendo que enfrentar uma perda de nossa liberdade de ir e vir, o que está tornando a vida das pessoas mais triste”.
A médica enfatiza que, dentre os principais desafios de ordem técnica, sem dúvida, a falta de leitos de UTI é o mais triste. “Um dos únicos exemplos positivos foi o município de São José dos Campos, que utilizou os recursos do Governo Federal para fazer hospital de campanha e construiu um hospital permanente, em 35 dias”, destacou. E, se não bastasse a tragédia em si, temos a politização da doença. Que jamais vai se sobrepor ao mais importante: a vida.
“Para mim, o momento mais difícil dessa pandemia é a perda de um ente querido, é muito difícil”. Tanto que, emocionalmente, o desafio aos profissionais de saúde é gigante. “Do ponto de vista emocional tem sido muito difícil. Acordar todos os dias sabendo que vamos encontrar pacientes, amigos doentes e que não vamos nem poder abraçá-los. O que me dá muita força é o apoio do meu marido maravilhoso, que me conforta todos os dias. E minha fé em Deus. Rezo todos os dias por todos nós”.