Não deveria ser preciso passar por uma guerra para se conhecer o herói. Mas foi nesta batalha insana contra a Covid-19 que percebemos o óbvio. A relevância daqueles que se dedicam para cuidar de um bem tão precioso como é a nossa saúde. E a de quem amamos. Inclusive, se colocando na linha de frente, se expondo aos riscos para cumprir a missão essencialmente altruísta a qual se dispuseram. Para estes heróis, que se entregam diariamente para cuidar de nós, foi criada uma data especial. O 12 de maio é o Dia Internacional do Profissional da Saúde. Originalmente, era lembrado como o Dia da Enfermagem, em homenagem a Florence Nightingale, inglesa que viveu entre os séculos 19 e 20 e que é considerada a idealizadora da enfermagem moderna. A ampliação desta reverência tem sua justiça. Afinal, dos tempos de Florence para cá floresceram mais e mais campos de atuação. Cada um com suas ferramentas e muito amor à profissão. E ao próximo, claro. E, por mais que a cor que citarei adiante simbolize bem este ofício, não dá para passar em branco nesta data, concorda? Assim, O POPULAR e seus anunciantes prestam uma singela exaltação. Um gesto de carinho e gratidão aos profissionais da saúde.
Vocês são nossos heróis!
O profissional de enfermagem não é só aquele que trabalha de branco num hospital ou clínica. Está sempre de branco, sim, como um anjo da guarda, que guarda e salva vidas, como a pandemia de Covid-19 tem mostrado. E esse trabalho requer amor, carinho, paixão e, sobretudo, força para encarar a morte de frente todos os dias.
Assim tem vivido a enfermeira Raíssa Silveira Cintra, de 31 anos, há nove nessa missão e atualmente responsável pela UTI-Covid da Santa Casa. Seus dias não tem sido fáceis. Pelo contrário, muito esgotante, tanto psicológico quanto fisicamente. Ela própria sentiu na pele, no seio familiar, as aflições de um ente querido acamado, e sob seus cuidados.
“Minha vó de 89 anos e meu tio se contaminaram com o vírus em janeiro. Ambos estiveram internados e foram cuidados pela minha equipe. E ambos venceram o vírus. Tive medo de perder ambos, me senti de braços amarrados por sentir não ter mais o que fazer. Mas graças a Deus e a todos ambos estão em casa e bem. Posso dizer que foi um dos momentos mais difíceis durante essa pandemia, que foi ter minha veinha internada por causa desse vírus”, relatou, emocionada.
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Por outro lado, colegas de trabalho se foram e a dor da perda é imensa, diz. Mas nem por isso e nem o cansaço de uma luta, muitas vezes inglória, a fez pensar em jogar a toalha.
“A impotência dominou a maior parte desses plantões sombrios e cinzas. Mas Deus esteve comigo, Nossa Senhora sempre me confortou e, juntos, eles foram cuidando da minha mente. Eu fiz um juramento, igual os médicos, e nele eu jurei promover a saúde. E por ele estou atuando, trabalhando no limite, mas sem esmorecer, porque é nossa missão cuidar dos doentes”, disse.
E se tem um lugar onde os milagres acontecem é em um hospital. só Vejam essa história:
“Nesses últimos meses tivemos muitas altas, mas uma paciente ficou marcada. Numa sexta internou o marido dela, e ela veio para a gente no sábado à noite. Ambos gravíssimos, com cuidados extremamente intensivos. Infelizmente perdemos o marido, por diversas complicações prévias, mas a esposa conseguiu ser retirada do respirador. Todos tinham muito medo de contar a notícia para ela, afinal como ela iria reagir? O medo de perder todo o progresso com ela era imenso. Esperamos uns dias, ela teve alta para a enfermaria, sempre perguntava dele. Um pouco antes da alta hospitalar, foi dada notícia. E por incrível que pareça, ela nos surpreendeu. Disse: ‘Eu já sabia, eu sentia a presença dele aqui do meu lado. Nós vivemos um amor tão verdadeiro, que sei que essa foi a hora dele. E num até breve eu o irei encontrar’. Ela deixou o hospital com um sorriso no rosto. É isso que nos fortalece todos os dias”, relatou, muito emocionada.