Não deveria ser preciso passar por uma guerra para se conhecer o herói. Mas foi nesta batalha insana contra a Covid-19 que percebemos o óbvio. A relevância daqueles que se dedicam para cuidar de um bem tão precioso como é a nossa saúde. E a de quem amamos. Inclusive, se colocando na linha de frente, se expondo aos riscos para cumprir a missão essencialmente altruísta a qual se dispuseram. Para estes heróis, que se entregam diariamente para cuidar de nós, foi criada uma data especial. O 12 de maio é o Dia Internacional do Profissional da Saúde. Originalmente, era lembrado como o Dia da Enfermagem, em homenagem a Florence Nightingale, inglesa que viveu entre os séculos 19 e 20 e que é considerada a idealizadora da enfermagem moderna. A ampliação desta reverência tem sua justiça. Afinal, dos tempos de Florence para cá floresceram mais e mais campos de atuação. Cada um com suas ferramentas e muito amor à profissão. E ao próximo, claro. E, por mais que a cor que citarei adiante simbolize bem este ofício, não dá para passar em branco nesta data, concorda? Assim, O POPULAR e seus anunciantes prestam uma singela exaltação. Um gesto de carinho e gratidão aos profissionais da saúde.
Vocês são nossos heróis!
Toda profissão tem seus códigos, seus protocolos, suas missões muito bem definidas. E segui-los é a base para o sucesso. No caso da enfermagem, seguir protocolos significa colocar a vida do outro em primeiro lugar. Durante a pandemia, aquela rotina definida, sincronizada, virou de cabeça pro ar. A cada dia, uma novidade. Uma nova experiência. Um novo aprendizado. Que o diga a enfermeira Flavia Helena Morgon, de 46 anos, há 21 nesta linda profissão. Ela é gerente de enfermagem no Hospital 22 de Outubro, onde cuida, gerencia, estrutura, apoia e ensina a equipe.
“Há mais de um ano vivo essa pandemia, diariamente, de segunda a segunda, algo que nunca imaginei que pudesse acontecer. No final de fevereiro de 2020 iniciamos uma mudança no hospital; montamos grupos para discutirmos o que poderia acontecer em nossa cidade, iniciamos a procura de protocolos, demos início aos treinamentos, simulações repetidas de uso dos EPIs, busca por materiais e equipamentos. E sempre a pergunta: Quando teríamos o primeiro caso? Os casos infelizmente chegaram e com eles muitos momentos difíceis. Num período pequeno de tempo adoeceram dois profissionais do hospital, não me esqueço do medo. Foram dias difíceis, tristes. Mas tinha que manter toda a equipe forte e confiante para o “tudo daria certo”. Uma das profissionais se recuperou mais rápido, e teve alta, foi um alívio. Mas ainda tínhamos que lutar pelo outro. E com sucesso se recuperou e também foi para a casa. O pensamento era de que não poderíamos perder nenhum de nossa equipe, pois é muito triste, doloroso”, comenta.
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Flávia conta que também temeu por familiares, como o seu irmão e a cunhada, que contraíram a doença. Hoje estão plenamente recuperados.
“Com os protocolos rígidos em relação às visitas dos familiares aos pacientes, fiquei muito mais próxima de cada história, de cada paciente e de cada familiar. Certa vez um familiar me disse: ‘Por favor enfermeira, preciso ver minha mãe, ela tem que saber que estou bem, me deixe entrar no quarto, prometo que não vou contar para ninguém, você não vai perder o emprego’. Que difícil manter-me firme e seguir o protocolo, pois ele salva vidas. Mas confesso que o meu coração é de autorizar todos para o último abraço”, relata.
“A nossa rotina mudou, a dinâmica de nosso trabalho sofre alterações diárias. Ao verificar a rotina do hospital que tinha sua dinâmica definida, seu funcionamento sincronizado, vejo que tudo a cada minuto se transforma. E temos que nos reorganizar rapidamente”, observou, frisando todo o apoio que tem tido da diretoria do H22. “A duras penas nossa profissão foi reconhecida, sendo a arte de cuidar muito mais do que um ato. É dedicação, compromisso, responsabilidade, empatia e amor ao próximo”, finaliza.