São 61 anos de matrimônio, seis filhos, 11 netos e seis bisnetos. E o início desta família foi em um 19 de dezembro de 1959, quando o agricultor aposentado Geraldo Antônio Bruno, 83 anos, e dona Lourdes Bridi Bruno, 82, se uniram em matrimônio na recém-criada Paróquia da Santa Cruz.
Os dois foram casados pelo então jovem padre Clodoaldo Nazareno de Paiva, falecido em agosto, com 93 anos. Esta foi, aliás, a segunda celebração de casamento de Padre Paiva na nova paróquia, a segunda então criada em Mogi Mirim. A primeira foi a Paróquia de São José, no centro da cidade.
“O primeiro casório aconteceu uma semana antes, em 12 de dezembro de 1959, mas o casal já morreu. Somos, portanto, o casal mais antigo vivo unido pelo saudoso Padre Paiva”, lembra seu Gerardo, como dona Lourdes o chama carinhosamente.
Geraldo nasceu na região da Bocaina e depois foi morar na Piteiras, onde trabalhou como agricultor e também como comerciante da venda do bairro rural, hoje sob gestão de uma das filhas. Foi ele que construiu o campo de futebol da Piteiras, aliás.
“Naqueles tempos, o Padre Paiva usava uma lambretinha para locomoção, mal dava para ia à zona rural. Depois adquiriu um jipe e daí subia até montanha”, diz seu Geraldo, sob risos.
Ele e a esposa já vivem há 24 anos na cidade e, claro, no bairro da Santa Cruz.
Missão
Católicos praticantes, o casal costumava frequentar as missas de domingo de manhã celebradas por Padre Paiva. Mas apenas como fiéis. Como eram assíduos, acabaram convidados a participarem das celebrações. Ele como ministro da comunhão; ela como integrante do coral da igreja.
“Eu observava os homens ajudando no altar e sentia vontade de participar com eles, mas nunca falei isso pra ninguém. Um domingo, depois da missa, o Padre Paiva desce do altar, vem em minha direção e me diz que a partir do próximo domingo em diante queria eu com ele no altar. Eu disse: ‘Mas padre eu não sei nada’. E ele: ‘Como foi que você aprendeu a capinar?’ ‘Capinando’. E então aceitei o convite e virei ministro, função que ocupei por mais de 20 anos”, contou, com orgulho de ter cumprido bem essa missão.
Nesse período também ministrou a preparação de batizados e de crisma.
Passadas algumas semanas desse convite desejado por Geraldo, dona Lourdes foi convidada a participar do coral da paróquia.
“Fiquei no coral por 30 anos. O Padre Paiva batizou o nosso grupo de Coral do INPS, porque era formado por senhoras”, revelou, sob risos, e não menos orgulhosa de participar dessa história.
Família
Dona Lourdes conta também que, além do seu abençoado casamento, os filhos Osmar Laerte, Cleonice Aparecida, Claudete de Lourdes, Osvaldo Antonio, Oscar José e Claudia Inês foram batizados, fizeram a primeira comunhão e foram crismados na Santa Cruz.
“Mas nem todos casaram aqui”, disse.
A história da família é tão ligada à paróquia que seu Geraldo foi ministro da preparação da neta Viviane Bruno para o batismo do bisneto Davi.
“Padre Paiva era muito calmo. Era um homem bom. Mas quando tinha que falar alguma coisa mais séria, falava com firmeza, não era homem de mandar recado”, conta.
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